sexta-feira, 6 de maio de 2011

Bem seguro.

Em 1992 aconteceu um acidente com um garotinho de 6 anos de idade no bairro de São Francisco, aqui em Manaus. Sua mãe conta que ele era muito "danado"; não parava. não andava, só corria. E certo dia em que foram visitar uns parentes, conversando e confraternizando-se desaperceberam-se do menino, por um momento, e ele foi até a casa da vizinha brincar com uns coleguinhas da casa ao lado. Quando sua mãe percebeu sua ausência e foi atrás do menino era tarde demais. Ouviu-se um grito. Ele fora atropelado, naquele instante, por um caminhão que vinha de ré a entrar na rua onde ele estava. Trágico. O motorista não o viu, sua mãe também não, e ele por ser muito "sapequinha" acabou sofrendo este terrível acidente.
O desespero assolou a todos que ali estavam ou chegaram ali. O motorista, inocente e desesperadamente o pegou no colo para levá-lo ao hospital, junto com sua mãe que ficou fora de si. Culpando-se na sua consciência pelo acidente, pelo descuido momentâneo.
Imagino-a, naquele instante perturbador, a falar:

- "Meu Deus!!! Meu filhinho... Meu Deus, não!!! Por quê!!!" e em lágrimas, desconsolada.

Nove meses na sua barriga, sendo bem cuidado e amado, todo limpinho e cheirosinho. Num ambiente familiar bem conservador, entretanto tudo aquilo, todo o cuidado e esforço pelo filhinho se desmoronou naquele momento.
Chegaram ao hospital com o menino, ainda vivo, e seu pai que estava trabalhando no momento do acidente chegou ao hospital desesperado, com o coração apertado, angustiado. "Onde está meu filho?" - E depois de esbravejar com a mãe do menino, sua esposa, chegaram a eles novas informações: que o estado do menino piorara. Agora ele está na UTI. É como se alguém no momento apertasse até estourar o coração dos dois. Que notícia triste. E agora, dizia a mãe. O pai tentando consolá-la, mas ele mesmo, estava desconsolado. Eles não conheciam o Senhor Deus.
E depois de tanto esforço dos familiares correndo atrás de recursos financeiros, atrás de bancos de sangue. Até atrás de médico, pois naquele momento não tinha médico de plantão, foram às pressas convocar um em outro hospital. Angústia. Depois de tanta angústia o menino, quase à  beira da morte, foi operado, porém o próprio médico não iludiu os pais. Não lhes garantiu a vida do menino. Muito menos sua recuperação.
Contudo, o menino resistiu, se recuperou, voltou à vida. E aos seus 13 anos de idade ele creu no Senhor e O serve até hoje. Junto com seus pais. O pai é presbítero na Igreja Presbiteriana.

Longa história, não é?! Interessante? Talvez. Para mim, pessoalmente, é uma experiência que jamais esquecerei, pois o menino sou eu.

Minha intenção é fazer uma série, simples, porém de sentido completo a respeito das contradições que a doutrina da predestinação e preterição causam. Como já disse a respeito dos dois assuntos AQUI e AQUI falarei sobre o fato de Deus não nos abandonar. Uma vez salvo, sempre salvo. Não há possibilidade de perdermos a salvação.

Gostaria de considerar esse assunto segundo as palavras de Jesus que encontram-se em João 6.37 que diz:

"Todo aquele que o Pai me dá, esse virá a mim; e o que vem a mim, de modo nenhum o lançarei fora."


1.Se Ele me der, então virá a mim.

Que belas palavras de vida!!! Não quero usar o exemplo de minha história pessoal acima descrita como parâmetro de que Deus usa esses meios para levar alguém a crer, a se submeter à sua vontade revelada, à fé. E, não quero dizer que usou comigo. Quero dizer, porém, que aquele que o Pai deu ao seu Filho Amado chegará às suas mãos. E, como que através de um milagre, Deus o Pai, me entregou ao Seu Filho. Apesar de toda incredulidade e deseperança, até dos meus próprios familiares.
E melhor que isso é saber que Deus o Filho não me lançará fora.

Será que as palavras de Jesus não tiveram sentido diante dos anseios da multidão que o seguia? Certamente tiveram sentido. No início deste capítulo 6 João nos revela que o Senhor Jesus realizara dois milagres: a multiplicação de pães e peixes e andou sobre o mar. No primeiro a multidão estava presente(6.2,5,10,14), no segundo milagre só os discípulos(6.16).

A multidão no dia seguinte procurou Jesus que fora para Cafarnaum e não o encontrou mais. E, tendo partido dali, foram para Cafarnaum e o encontaram ali. Porém, a recepção de Jesus não foi bem o que eles esperavam, talvez.
Por que disse acima que a recepção de Jesus não era bem aquilo que eles esperavam? Pelo simples fato de que o Senhor sabia qual era o verdadeiro interesse deles, a barriga.(interessante que esses aqui não estavam nem empolgados com milagres, mas com o efeito do milagre, muita comida).
No verso 26 Jesus diz que eles o procuravam não porque viram sinais, mas porque tinham se fartado com o alimento.


A ênfase de Jesus é clara em cima de sua palavra e sua obra:

  • A Obra de Deus: Jesus disse a eles que a obra de Deus que eles teriam de realizar era crer n'Ele.(6.29)(ênfase na palavra de Deus)
  • Sinal: Eles queriam um sinal para crer em Jesus(será que não foi suficiente a multiplicação de pães e peixes?!) e o Senhor Jesus disse que maior que a multiplicação de pães e peixes, maior que o maná do deserto, maior que tudo isso era Ele, pois Ele era o Pão da Vida(6.35).
Existe uma espécie de progressão no texto. Primeiro, eles queriam comida.(v.26), depois, realizar obras e ver Jesus realizá-las(28-30), mas o destaque de Cristo é em cima daquilo que é permanente. Não trabalhai pela comida que perece, mas pela que subsiste para a vida eterna, disse a eles. Não se enganem com os sinais, o verdadeiro sinal Sou Eu, eu sou o Pão da Vida. E, continuamente Jesus os ensinava, ensinava e ensinava. E, chega ao verso 36 e diz: eu já vos disse, porém, não me credes. Entre o verso 36 e 37 é como se ele fizesse uma pergunta que nós não ouvimos(não estou dizendo que Jesus disse isso), sabe por que vocês não creem?! E ele responde no verso 37: Porque todo aquele que o Pai me dá virá a mim, e se vocês não vêm a mim é porque o Pai não me deu vocês. Mais uma vez percebemos a presença das doutrinas da predestinação e preterição. Depois de ter abordado de forma panorâmica o contexto da passagem em questão, gostaria de entrar no mérito do versículo, propriamente dito. Avaliando não só o versículo isolado, mas também os seguintes. Então vamos lá.

2. De modo nenhum o lançarei fora.

Neste momento, mais do que nunca, fica mais fácil de entender o porquê de minha história no início do post.
O Senhor Deus quis me preservar. Apesar de todas as dificuldades Ele foi abrindo portas que estavam trancadas e solucionou problemas que ninguém poderia resolver. Tudo isso para que um dia eu viesse a crer no Seu nome. Diametralmente oposto a isso, há aqueles que nascem num lar cristão, rodeado de princípios bíblicos e pessoas boas, mas que jamais conhecerão o Deus verdadeiro. Há também aqueles que buscam na religião algum tipo de contentamento físico, financeiro, familiar e até espiritual, porém nunca chegam a lugar nenhum, aliás, até chegam, contudo não é bem o que buscavam.

  • Uma certeza: O Senhor Jesus nos garante a certeza da salvação. 
O Senhor Jesus foi um servo obediente. Não julgou como usurpação o ser igual a Deus, se esvaziou e assumiu a forma humana. Nasceu numa manjedoura, veio de uma família humilde e cresceu num contexto de muita dificuldade. Começou seu ministério pregando o evangelho, curando os enfermos, libertando os cativos, restaurando a vista aos cegos e apregoando o ano aceitável do Senhor. Fazendo o bem o todos.
E o que isto lhe custou?
A morte.
Que morte?
A morte de Cruz.
Ele sofreu, foi escarnecido, foi humilhado, dele não fizeram caso. Torturaram o manso e humilde Senhor dos Céus e da Terra. E o crucuficaram e mataram o Autor e Consumador da vida.
Ele não sabia disso?
Sabia, sim.
Ele evitou todo esse sofrimento que o aguardava?
Não, Ele o enfrentou.
Por quê?
Porque Ele considerou a vontade do seu Pai superior a tudo.

A vontade do meu Pai é que nenhum eu perca de todos os que me deu.
Se Ele passou por tudo aquilo para obedecer a vontade do Pai, por que Ele falharia aqui?!
Ele não veio fazer sua própria vontade, mas a d'Aquele que o enviou.


Neste momento gostaria de citar a CFW* que diz:


"Ainda que os hipócritas e os demais não-regenerados possam iludir-se vãmente com falsas esperanças e carnal presunção de se acharem no favor de Deus e em estado de salvação, esperança essa que perecerá, contudo os que verdadeiramente crêem no Senhor Jesus e o amam com sinceridade, procurando andar diante dele em toda a boa consciência, podem, nesta vida, certificar-se de se acharem em estado de graça; e podem regozijar-se na esperança da glória de Deus, essa esperança que jamais os envergonhará."(a parte sublinhada não se encontra no texto, ênfase minha)

Fé e Boas Obras evideciam o verdadeiro cristão. O verdadeiro filho de Deus.
Não quero fugir ao assunto, que é o fato de Jesus nos garantir a salvação, porém o testemunho da mesma nos é dado pelo seu Espírito, o Penhor da nossa herança. O Selo da nossa Salvação.
Quando Deus, o Pai nos dá ao seu Filho Jesus nesse momento somos salvos. E essa salvação é uma garantia eterna que pocede de um Deus que é imutável e que não pode falhar. A salvação e muito menos sua preservação são realidades que o homem não pode interferir, que nada pode destruir. Deus está no controle.

Não nos enganemos, nem tudo que reluz é ouro!!!
Nem todos podem ser salvos. Existe um personagem bíblico que todos conhecemos, Judas Iscariotes.
Ele andou com o Senhor. Fez tudo o que era de caráter cristão, porém morreu sem Cristo.
Como muitos por aí que dizem: Senhor... Senhor... e o Senhor dirá: Nunca vos Conheci.
Ora, você está dizendo que o cristão pode perder a salvação, André?! Mas você não disse que a salvação é uma garantia eterna, que não falha?! A Salvação em Cristo nunca nos envergonhará.
O exemplo de Judas e tantos outros que há na história e no mundo são histórias daqueles que pensam estar em Cristo e não estão. Deus os entregou, entregou não a Cristo, mas às suas próprias cobiças, desejos, pecados; são reprovados, réprobos. O Senhor não os amou.

Encerro por aqui. Gostaria de deixar um texto para nossa meditação:

          "Filhinhos, não vos deixeis enganar por ninguém; aquele que pratica a justiça é justo, assim como ele é justo. Aquele que pratica o pecado procede do diabo, porque o diabo vive pecando desde o princípio. Para isto se manifestou o Filho de Deus: para destruir as obras do diabo.Todo aquele que é nascido de Deus não vive na prática de pecado; pois o que permanece nele é a divina semente; ora, esse não pode viver pecando, porque é nascido de Deus. Nisto são manifestos os filhos de Deus e os filhos do diabo: todo aquele que não pratica justiça não procede de Deus, nem aquele que não ama a seu irmão." 1 Jo 3.7-10



Notas.

*Confissão de Fé de Westminster, Da Certeza da Graça e da Salvação, capítulo XVIII, inciso I.

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