Publicado originalmente em Reforma e Carisma.
Muitas pessoas não sabem, mas o meu nome (Helder) foi dado por causa de uma visita do Papa João Paulo II ao Brasil. Era o ano de 1980 quando ele veio e os meus pais, que eram católicos, resolveram homenagear um dos sacerdotes brasileiros que se destacaram na visita, o arcebispo Dom Hélder Câmara. A minha identificação com a Igreja Católica foi tão forte que passei minha infância desejando ser padre.
Neste período, João Paulo II tornou-se um referencial de espiritualidade para mim. Aos meus olhos ele era um homem bom, "o mais próximo de Deus", destinado a ser santo, afável, gentil e cordial. E ele representou o mesmo para muitos. Com certeza, ele é o rosto do catolicismo no século XX.
Um rosto que agora também está disponível para a veneração. Ontem, dia 1º de maio, o papa João Paulo II foi beatificado. Um milhão de fiéis compareceram à cerimônia e veneram o cadáver papal. Segundo a Igreja Católica, a freira francesa Marie Simon-Pierre Normand foi curada do mal de Parkinson após orar ao papa. Com a beatificação, agora suas imagens podem ser cultuadas.
Orar a santos e beatos é pecado
No entanto, embora João Paulo II tenha despertado o respeito e a devoção de católicos em todo o mundo, este tipo de culto é um pecado aos olhos do Senhor. Não importa o que nós pensamos sobre o papa: o nosso culto e as nossas orações devem ser dirigidas somente a Deus. Quando oramos aos santos, nós quebramos as duas primeiras ordenanças dos Dez Mandamentos:
Eu sou o SENHOR, teu Deus, que te tirei da terra do Egito, da casa da servidão.
Não terás outros deuses diante de mim.
Não farás para ti imagem de escultura, nem semelhança alguma do que há em cima nos céus, nem embaixo na terra, nem nas águas debaixo da terra. Não as adorarás, nem lhes darás culto; porque eu sou o SENHOR, teu Deus, Deus zeloso, que visito a iniqüidade dos pais nos filhos até à terceira e quarta geração daqueles que me aborrecem e faço misericórdia até mil gerações daqueles que me amam e guardam os meus mandamentos. (Êxodo 20:3-6)
A primeira ordem de Deus é a de que não aceita dividir o espaço com outros deuses. Este mandamento impede que sirvamos, ao mesmo tempo, a Deus e a Allah, mas não apenas isso. Ele também proíbe que coloquemos qualquer pessoa ou coisa no mesmo nível de Deus. Ele é Único.
A segunda ordem vai na mesma direção. Nós não somos proibidos de fazer esculturas, mas se as fizermos com o objetivo de "adorar" ou "dar culto", irritamos ao Senhor. E o que os católicos fazem com as imagens de santos? Cultuam-nas. Oram ajoelhados diante delas. Pedem curas, milagres e bênçãos. E se não podemos fazer isso com imagens, a implicação é óbvia: não podemos cultuar a ninguém que não seja Deus. Não importa se é Maria, João Paulo II ou a Madre Teresa de Calcutá.
Há um outro problema também. Os santos e beatos são mortos. Se nós aceitarmos a ideia de que podemos orar a eles e sermos ouvidos, então nós estamos praticando necromancia, a comunicação com os mortos. Biblicamente, o termo não se aplica apenas à adivinhação, mas também à consulta aos mortos, como aquela que Saul tentou fazer em 1 Samuel 28. E esse tipo de prática é condenado por Deus.
Quando alguém se virar para os necromantes e feiticeiros, para se prostituir com eles, eu me voltarei contra ele e o eliminarei do meio do seu povo. (Levítico 20:6)
Não se achará entre ti quem faça passar pelo fogo o seu filho ou a sua filha, nem adivinhador, nem prognosticador, nem agoureiro, nem feiticeiro; nem encantador, nem necromante, nem mágico, nem quem consulte os mortos; pois todo aquele que faz tal coisa é abominação ao SENHOR; e por estas abominações o SENHOR, teu Deus, os lança de diante de ti. (Deuteronômio 18:10-12)
Além disso, Deus é Único. As autoridades humanas delegam o seu poder a outros, mas o Senhor não dá a Sua glória a ninguém. O culto (o que inclui as orações) é uma prerrogativa exclusiva de Deus, e que não é dada a mais ninguém, muito menos às imagens dos santos.
Eu sou o SENHOR, este é o meu nome; a minha glória, pois, não a darei a outrem, nem a minha honra, às imagens de escultura. (Isaías 42:8)
Orar a santos e beatos é inútil
Todavia, há uma outra razão pela qual não devemos orar ou venerar ao papa João Paulo II. Os católicos romanos ensinam que os santos são uma espécie de "facilitadores" entre nós e Deus. Ao invés de levarmos os nossos pedidos diretamente ao Pai, podemos usar os santos, como eles se fossem um tipo de despachante espiritual. Como os santos são mais justos do que nós, Deus os ouviria de boa vontade. Além disso, eles seriam mais compreensivos, já que são "gente como a gente".
A ideia até parece boa, se não fosse por um detalhe: não combinaram com o Senhor. Os católicos enxergam nos santos pessoas que são mediadoras entre nós e Ele. Contudo, quem determina os rumos deste diálogo é Deus, e não a Igreja Católica. E já foi determinado que apenas um Mediador estará entre os homens e Deus:
Porquanto há um só Deus e um só Mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus, homem, o qual a si mesmo se deu em resgate por todos: testemunho que se deve prestar em tempos oportunos. (1 Timóteo 2:5-6)
Eu lamento informar, mas é a verdade. Quando milhões de pessoas buscam chegar até Deus por meio de Maria, João Paulo II e dos outros santos e beatos, eles estão rejeitando o Mediador escolhido por Deus: Cristo! E se podemos fazer isso por meio de Jesus, não há vantagem alguma em escolher outros canais. Jesus é mais santo do que todos os outros, logo, o Pai o ouve mais do que a qualquer um. E Ele foi homem como eu e você, portanto, sabe muito bem como é viver neste mundo e está próximo de nós.
Jesus conseguiu este direito não porque fez milagres, mas sim porque pagou na cruz por nossos pecados. O que Jesus faz por nós é muito mais do que nos curar de uma doença ou dar um emprego. Por causa do pecado, a justa sentença de Deus para toda a humanidade é o inferno. Afinal, como diz a Bíblia:
Que se conclui? Temos nós qualquer vantagem? Não, de forma nenhuma; pois já temos demonstrado que todos, tanto judeus como gregos, estão debaixo do pecado; como está escrito: Não há justo, nem um sequer, não há quem entenda, não há quem busque a Deus; todos se extraviaram, à uma se fizeram inúteis; não há quem faça o bem, não há nem um sequer. (Romanos 3:9-12)
Esta afirmação inclui todos os seres humanos, inclusive Maria, a mãe de Jesus. Todos nós somos maus e pecadores aos olhos do Pai. Se somos salvos é porque Jesus Cristo se entregou no lugar dos que creem n'Ele. Ele morreu no lugar dessas pessoas, e elas são salvas e santificadas por Cristo, não tendo mais que temer o juízo do inferno. Pode não parecer, mas essa graça supera, em muito, todos os relatos de bênçãos alcançadas pela busca dos santos. E é por esta razão que Jesus é o nosso Único Mediador.
Na cruz, Jesus Cristo morreu, não para te curar do mal de Parkinson, mas para te dar a vida eterna. |
Há algo melhor do que santos e beatos
Eu não quero, com isso, dizer que as pessoas que receberam "milagres" de santos são charlatãs. Elas podem sim ter recebido curas e outras dádivas. Mas essas bênçãos não foram recebidas e pedidas da maneira correta. São fruto de um pecado. Podem até trazer alegrias terrenas, mas não contam com a aprovação de Deus.
Se os católicos são mesmo cristãos, então devem reconhecer que a beatificação de João Paulo II e o culto a santos e beatos é um erro condenado pela Bíblia. Eu não consigo entender como é possível se dizer um santo de Jesus ao mesmo tempo em que negamos o livro onde Deus deixou registrada a Sua história. E essa é uma das razões pelas quais eu e os meus pais não somos mais católicos.
Hoje eu convido você a fazer a mesma troca que eu fiz. Deixe os santos para trás e escolha Jesus como seu Mediador diante do Pai. Pare de buscar as curas dos santos e vá atrás da nova vida que Cristo tem pra você. Deixe de confiar na palavra dos padres e nas tradições e deposite a sua fé na Bíblia, a Palavra do Deus Vivo.
Que o Senhor abençoe a você nesta escolha. Não troque Jesus por João Paulo II, Maria ou qualquer outra criatura.
Graça e paz do Senhor,
Helder Nozima
Barro nas mãos do Oleiro
Fonte: 5calvinistas.blogspot.com
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