terça-feira, 10 de abril de 2012

Alegria escarlate

Enos Moura Filho*
 
Recentemente estava lendo um livro intitulado “À imagem e semelhança de Deus”, escrito por Philip Yancey e Paul Brand (Ed. Vida). Nele os autores fazem uma analogia entre o corpo de Cristo e o corpo humano. O livro é muito rico em detalhes sobre o funcionamento do corpo humano, e uma das partes mais intrigantes versa sobre o papel do sangue.
Sendo bem sucinto, o sangue é responsável por levar oxigênio e nutrientes às células do corpo, e por recolher as impurezas.
Apesar da importância do sangue para manutenção da vida, por vezes costumamos associá-lo a problemas sérios, doenças e morte. Se pensarmos que essa associação se faz, basicamente, quando vemos o sangue, fica mais fácil de entender, pois o sangue não foi feito para ser visto. O lugar dele é dentro do corpo, assim, se estamos vendo sangue, é porque algo está errado com alguém, ou conosco!
É chegada a época da Páscoa. Sem pensar na conotação comercial e mundana, onde reina a tradição dos ovos e coelhinho, e atendendo o convite à reflexão sobre a data, podemos pensar um pouco sobre o sangue do Cordeiro.
“Jesus, pois, lhes disse: Na verdade, na verdade vos digo que, se não comerdes a carne do Filho do homem, e não beberdes o seu sangue, não tereis vida em vós mesmos.
Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia.” (João 6.53-54)
Essa é apenas uma das diversas passagens bíblicas que falam sobre o sangue de Cristo.  Notem que a associação feita pelo próprio Jesus é com a vida. Pode parecer até estranho: o derramamento de sangue, o sacrifício (e tudo de ruim que veio com isso: dor, sofrimento, humilhação...), por fim gerando vida!
Creio ser um dos aspectos lindos e maravilhosos que a época da Páscoa nos faz recordar: a entrega de Deus do Seu único filho, puro, totalmente isento de qualquer culpa ou mácula, a fim de proporcionar vida à humanidade através de sua morte.
Aliás, Jesus é Deus Filho, parte da Trindade, então, só o fato de tornar-se homem já é algo notável.
“Tende em vós este sentimento que houve também em Cristo Jesus,
o qual, subsistindo em forma de Deus, não julgou que o ser igual a Deus fosse coisa de que não devesse abrir mão, mas esvaziou-se, tomando a forma de servo, feito semelhante aos homens; e sendo reconhecido como homem, humilhou-se, tornando-se obediente até a
morte, e morte de cruz.”
Filipenses 2.5-8 – (versão da Sociedade Bíblica Britânica)
O alcance do resultado desse sacrifício é pessoal: aplica-se a cada pessoa, conforme João 3.16.
A analogia do papel do sangue de Cristo com a função do nosso sangue torna-se, então, mais clara. Seu sangue é fonte de vida. Ele limpou as nossas impurezas, nossos pecados, e garantiu-nos a vida eterna.
Não terminou com o sacrifício, mas Ele venceu a morte e voltou à vida. Tem autoridade para nos dar a vida eterna.
E mais, a vida terrena fica mais agradável quando entendemos e aceitamos Seu sacrifício, pois somos levados a viver conforme Seus ensinos. Alguém certa vez disse que há um filete de sangue que percorre toda a Bíblia, do Gênesis ao Apocalipse. Seu sangue exercendo o papel de nutridor, descrevendo em Sua Palavra como podemos viver melhor, apesar das angústias e problemas normais a qualquer pessoa.
Em um verso do hino “Rude Cruz” cantamos:
“Eu me alegro na Cruz, dela vem graça e luz, para minha santificação”. Sim eu amo a mensagem da cruz...”
Uma mensagem completa, de salvação, de santificação. Tenho motivos para ter alegria no sangue de Cristo. A tristeza tem seu lugar quando reconheço que, também por causa dos meus pecados, Cristo morreu. Mas todos os benefícios advindos de Sua morte e ressurreição são mais do que suficientes para minha felicidade.
________________________________
(*) Enos Moura Filho é presbítero
na Primeira I.P. de Guarulhos-SP

Nenhum comentário:

Postar um comentário