quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Igreja Perseguida na Coreia do Norte






Sobre o editor: Marcelo Lemos Gonçalves é Bacharel em Teologia, pastor, apaixonado por pregação, liturgia, anglicanismo e escola dominical. Casado, com Meirelene Gonçalves,  é pai de dois filhos, Yago e Yuri; e nas horas nada vagas, atua como blogueiro. De vez em quando, acha que sabe fritar pastéis, fazer churrasco e escrever artigos.
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Velho Spurgeon, Õ Velho Macho!

Spurgeon
Banco da Fé


"E até à velhice eu serei o mesmo, e ainda até às cãs eu vos carregarei; eu vos fiz, e eu vos levarei, e eu vos trarei, e vos livrarei." Isaías 46:4

O ano já está muito velho, e  aqui está uma promessa para nosso amigos anciãos - Sim, e também para todos nós, quando a velhice tome conta de nós. Se vivermos o suficiente, todos  nós teremos cabelos grisalhos - portanto, podemos muito bem desfrutar dessa promessa com a visão antecipada da fé.

Quando ficarmos velhos, nosso Deus ainda será o EU SOU, e permanecerá para sempre sendo o mesmo. OS cabelos falam de nossa deterioração, porem Ele não sofre deterioração. Quando não pudermos carregar peso nenhum, e a duras penas possamos nos sustentar, o Senhor nos carregará. Da mesma forma que em nossos anos juvenis Ele nos carregou como ovelhas em Seu peito, fará o mesmo em nosso anos de debilidade. Ele nos fez, e Ele cuidará de nós. Quando nos convertamos em uma carga para nossos amigos, e num peso para nós mesmos, o Senhor não nos lançará fora com uma sacudida, mas antes muito mais nos levantará, nos carregará e nos livrará mais plenamente que nunca. Em muitos casos o Senhor dá a Seus servos um entardecer prolongado e tranquilo. Eles trabalharam arduamente durante todo o dia, e se desgastaram no serviço de seu Senhor, e por isso lhes diz: "Agora repousem em antecipação daquele Dia de Repouso eterno que que preparei para vocês." Não temos de temer a idade. Temos de envelhecer graciosamente, posto que o próprio Senhor está conosco na plenitude da graça.

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trad. Projeto Spurgeon

Confrontando o Paganismo

R.C. Sproul

Neemias servia a um governo pagão como um crente em Deus. Ele era humilde e respeitoso para com o rei, mas o devido temor ao seu rei não o impediu de agir para salvar o seu povo. Ele orou a Deus e fez um pedido ao rei, pedindo permissão para ir à Jerusalém e reconstruí-la. Ele também pediu cartas de salvo conduto que ele poderia apresentar aos vários governadores, e até concessão de materiais de construção.
Nem todos os governadores pagãos estavam otimistas com o Neemias e seus planos. Na verdade, alguns estavam ferozmente resistentes a eles. Quando Sambalá, o horonita e Tobias, o amonita, souberam dos seus esforços, eles ficaram profundamente perturbados por alguém que tivesse vindo procurar o bem dos filhos de Israel.
Quando Neemias começou a tarefa de reconstrução, seus inimigos riram dele e o desprezaram. Neemias, porém, não deixou que seus críticos determinassem sua agenda. A tentação de Neemias teria sido permitir aos pagãos alterar seus planos e se engajar-se no duplo risco do compromisso na missão. Isso teria aliviado o peso sobre o seu próprio povo e ganhado os aplausos de judeus e pagãos. Mas Neemias não se importava nenhum pouco com os aplausos de homens e estava totalmente relutante em desistir da missão que ele tinha assumido com Deus.
Ao invés de se preocupar em agradar os pagãos, Neemias focou as reformas necessárias no meio de seu próprio povo. O paganismo que Neemias temia não era o paganismo dos pagãos; era o paganismo do seu próprio povo. Não era o paganismo fora do campo que ameaçava Israel tanto quanto o paganismo dentro do campo.
Coram Deo:
Você está procurando o aplauso de homens ao invés de a aprovação de Deus?
Passagens para estudo:
Neemias 2.10,18;4.9

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Fonte:
ligonier.org
Tradução: Renato da Silva Barbosa


Extraído do site: http://www.eleitosdedeus.org/

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Protempores terão Apoio do Governador Ricardo Coutinho

O governador eleito da Paraíba, Ricardo Coutinho (PSB), declarou nesta segunda-feira (20) que nas negociações com o Ministério Público Estadual, sobre a questão dos pro tempores, vai defender a todo custo a permanência daqueles que realmente trabalham e contribuem para o Estado. "Vamos separar bem: aqueles que trabalham e aqueles que são de campanha, que não sabem nem qual é o seu setor de trabalho", afirmou.
Ricardo Coutinho concede entrevista no seu escritório de Transição, chamado de Canal 40, no bairro Mangabeira, em João Pessoa. Ele disse que até o dia 3 de janeiro terá um encontro com o procurador-geral de Justiça, Oswaldo Trigueiro, para discutir a questão.
A certa altura da entrevista ele afirmou: "Com relação aos protempores, acho que o Estado não pode, até o dia 5 de janeiro, substituir os pró-tempores. Vou negociar e tentar resolver a questão dos setores essenciais que não podem parar".
Ricardo Coutnho foi enfático: "Quero separar bem: aqueles que estão lá trabalhando e trabalhando muito. Quero separar estes de um pessoal que é o da campanha, que não sabe nem qual é o seu setor de trabalho e todos sabem que isso é verdade. Eu não tenho compromisso com isso. O dinheiro da população não servirá para pagar contas de campanha. Será para pagar aqueles que trabalham e fazem funcionar o serviço essencial".
O governador eleito ainda acrescentou que não tem "compromisso com quem não trabalha e com quem não trabalhou. E estes eu vou defender em qualquer circunstância e tentar construir algumas saídas que não passam pela ilusão e pela enganação".
Educação
Quando ao setor de Educação, Ricardo Coutinho afirmou: “As nossas gerências de ensino serão ocupadas com pessoas selecionadas. Queremos que mais pessoas com vínculo efetivo com o poder público possam ocupar essas funções, porque o governo passa e sai. E se tivermos deixado lá um quadro de elite, de gente do próprio quadro, teremos solução de continuidade muito melhor”.
O governador eleito também disse que uma meta na Educação é “antenar os professores com notbook, prque esta é uma necessidade”. E prosseguiu: “Estamos pensando emj, no futuro, colocar cada aluno com um notbook e o professor com uma grande lousa lá na frente e vá utilizando na medida em que ele achar que é necessário e possível utilizar”. Ele reconheceu, entretanto, que a realidade do Estado ainda está distante dessa meta.
Ricardo Coutinho comentou que o “ensino médio não avançou e é muito ruim, enquanto o pré-escolar é muito ausente. Ela é fundamental. E isso passa por um diálogo com os municípios. Se não fizer isso, não adianta estar fazendo creche”.
O governador eleito disse também que, na luta para combater o analfabetismo, se usará todos os métodos possíveis. Mas comentou que “é impossível se combater o analfabetismo sem o envolvimento de todos, e não de forma burocrática. É preciso ter uma grande mobilização”.

Politica na Paraiba

Marco Aurélio encaminha ação cautela interposta por Cássio para presidente do STF.
O ministro Marcos Aurélio Melo remeteu a ação cautelar interposta pela defesa do ex-governador Cássio Cunha Lima (PSDB), para presidência do Supremo Tribunal Federal para redistribuição. Melo se averbou suspeito para analisar a cautelar, por ter participado do julgamento do recurso eleitoral no Tribunal Superior Eleitoral.
O presidente do STF, ministro Cezar Peluso, determina um novo sorteio para escolha de outro relator, mas como o recurso principal está com o ministro Celso de Melo, acreditasse que a ação cautela possa ser distribuída para ele também.
A defesa de Cássio espera que a cautelar seja apreciada pelo ministro plantonista, já que o recesso judiciário se inicia nesta segunda-feira, 20, e se estende até o primeiro dia útil de fevereiro de 2011, ou ainda pelo próprio presidente. A escala dos plantonista será divulgada ainda nesta segunda.
O advogado Harrison Targino disse que a preocupação é garantir o mandato do senador Cássio e o prazo não importa.
A ação já está com o presidente.
Funcionário municipal ganha moto zero quilometro em Monteiro
Image
A festa de confraternização dos funcionários da Prefeitura de Monteiro foi realizada em grande estilo na noite do domingo, 19, na Casa Bella Recepções com a participação de um público superior a duas mil pessoas, entre servidores e familiares.
Alem da boa música e do jantar, a prefeita Edna Henrique brindou os funcionários com o sorteio de 2 prêmios valiosos, em reconhecimento ao trabalho dedicado durante o ano que está terminando. Através de sorteio foi contemplado com um computador o funcionário José Leonardo de Lima (Neco) enquanto o funcionário Jose Edson de Souza (Cojeiro) ganhou uma moto zero quilômetro. Os dois funcionários contemplados são lotados na Secretaria da Infra-estrutura.
Após entregar os prêmios aos funcionários a prefeita Edna Henrique, bastante cumprimentada, transmitiu a sua satisfação em pode proporcionar um momento tão agradável aos servidores municipais. A festa aconteceu quando todos já haviam recebido o pagamento do décimo terceiro salário, liberado desde a sexta-feira, 17.
Mídia10
Fonte: Cariri Licado 
EX-PUGILISTA: 'Popó deve assumir vaga de deputado federal'
ImageO ex-boxeador e suplente de deputado federal Acelino Popó Freitas (PRB-BA) não estava na lista dos ministeriáveis, mas aguardava o anúncio dos ministros de Dilma  Rousseff para definir seu futuro político. Com a indicação  nesta segunda-feira (20) do deputado federal Mário Negromonte (PP-BA) para o Ministério das Cidades, Popó herda uma vaga em Brasília.
Popó é o primeiro suplente a deputado federal da coligação formada pelos partidos PRB / PP / PDT / PT / PHS / PSB / PC do B. O ex-pugilista utilizou nas urnas o número 1.000 e obteve 60.216 votos.
A ida para Brasília era aguardada e os planos de ação, segundo o novo deputado, já estão traçados. “Nos próximos anos teremos Copa do Mundo e Olimpíadas. Esse é o momento do esporte brasileiro em forma de inclusão social, de trabalho. Esporte para atrair novos talentos”, afirmou ao G1. “O Romário também está aí para a gente fazer uma comissão de esporte boa na Câmara”, disse.
 Para ele, a Câmara dos Deputados não será uma novidade capaz de assustar. Popó disse que  já visitou gabinetes de alguns deputados com quem fez amizades, principalmente por projetos na área do esporte. “A luta para mim, mesmo ganhando por nocaute, só acaba quando o juiz levanta minha mão. Mas já comecei a formar minha equipe. Já estava atendendo demandas na Bahia, principalmente vendo projetos”, afirmou o ex-boxeador.
“Eu era primeiro suplente da coligação. Então assumiria seja pelo Mário ou por outro [deputado eleito que não assumisse]. Já estava esperando”, completou.
Fonte: www.caririligado.com.br 

Conhecimentos Bíblicos

Foi Miriã profetisa? Doutor Bíblia Responde!


Doutor Bíblia Reponde:

Uma leitora do blog, Rosana Bressan, enviou-nos uma interessante questão:

... a seguinte pergunta:a bíblia diz q mirian era profetiza, quais foram suas profecias? onde estão citadas na bíblia?”

Que Miriã, irmã de Moisés, era profetisa, e também seu irmão Arão, o sacerdote, era profeta, sabemos pelo testemunho inequívoco das Sagradas Escrituras. Foi justamente por também serem profetas, que ousaram uma rebelião contra Moisés:
E falaram Miriã e Arão contra Moisés, por causa da mulher cusita, com quem casara; porquanto tinha casado com uma mulher cusita. E disseram: Porventura falou o SENHOR somente por Moisés? Não falou também por nós?” (Números 12.1-2).

Sabemos com certeza que estes três irmãos, Moisés, Miriã e Arão, guiavam o povo como porta-vozes de Deus, apesar de muitas vezes nos esquecermos disso, dando toda nossa atenção a Moisés. Vale lembrar o que disso próprio Deus ao povo de Israel: “Pois te fiz subir da Terra do Egito, e da casa da servidão te remi; e enviei adiante de ti a Moisés, Arão e Miriã” (Miquéias 6.4).

Mas, onde se lê sobre qualquer profecia sobre Miriã?

Uma pergunta interessantíssima, pois a Bíblia, sem relatar qualquer profecia passada de Miriã, a chama de profetiza quanto ela começa a louvar a Deus com sua música, logo após a libertação de Israel:

Então, Miriã, a profetiza, a irmã de Arão, tomou o tamboril na sua mão, e todas as mulheres saíram atrás dela com tamboris e com danças” (Exodo 15.20).

No contexto, versículos 1-19, Moisés dá início a uma música de Celebração, pela vitória; agora, Miriã passa também a reger o coro. É interessante observar que no versículo 21, se diz que a medida que as mulheres entraram na música: “Miriã lhes respondia”. Acontece que este “lhes” utilizado aqui é masculino no hebraico, o que parece indicar que Miriã, e as mulheres, faziam coro ao que era cantado por Moisés e pelos homens.

Este detalhes reforçam o ensino Bíblico de que também ela exercia algum tipo de liderança espiritual sobre Israel, ainda que estivesse subordinada a autoridade de Moisés. Em seu cântico, Moisés está celebrando o fato de Deus ter realizado todas as profecias que fez por meio dele; não podemos supor que em meio as tribulações do deserto, não teria o Senhor usado também a boca de Miriã, que – ao que parece por esta cena - dirigia as mulheres do araial?

No entanto, procurar um registro específico de tais profecias, do período da peregrinação, não nos é possível. O único registro de profecia sua é encontrado num escrito judaico, fora das Escrituras, e, portanto, não é canônico. Segundo o relato não canônico, ainda criança, ela teria profetizado: “Minha mãe terá um filho, que será o Libertador de Israel” (Sotá 12b).

Acredita-se ainda, no meio judaico, que Miriã seria Pauá, uma das parteiras hebreias que auxiliou as grávidas de Israel (Ex. 1.15,21); a outra parteira, Sifrá, seria Iocheved, sua mãe. Trata-se de tradição judaica, não comprovada pelos registros bíblicos. Mas, fica aí a curiosidade.

Todavia, apesar de não termos qualquer registro de suas profecias durante tal período, creio que podemos encontrar um no já citado texto de Números 12.1. Normalmente, as pessoas veem apenas Deus falando a Moisés sobre a rebelião de seus irmãos, mas o texto, na verdade, diz que Deus falou aos três, apesar de ter falado a Moisés de modo especial:

E logo o SENHOR disse a Moisés, a Arão, e a Miriã: vós três saí a tenda da congregação... depois chamou a Arão e a Miriã, e ambos saíram... (Números 12.3ss).

Sempre me impressiono com essa passagem, já que Deus aparece pessoalmente a eles, e lhes fala frente a frente, para lhes fazer entender que o ministério profético de Moisés era muito maior que o dado a eles. Deus lhes diz: com os demais profetas, incluindo vocês dois, eu falo apenas em sonhos ou visões, mas, com meu servo Moisés, tenho falado frente a frente!

Acho o contraste interessantíssimo, sem falar no bom humor de Deus: aparecer pessoalmente, para dizer que tal privilégio, de falar pessoalmente com Ele, era dado apenas a Moisés!

Assim, aprenderam a submeterem-se a vontade do Senhor, que havia eleito Moisés como guia e libertador da nação israelita.

Espero ter ajudado em seu questionamento.

Paz e bem

Natal Com Cristo

A Encarnação e o Nascimento de Cristo
Pregado na manhã de domingo, 23 de Dezembro, 1855, 
Por Charles Haddon Spurgeon, 
Em New Park Street Chapel, Southark – Londres.

"E tu, Belém Efrata, posto que pequena entre os milhares de Judá, de ti me sairá o que governará em Israel, e cujas saídas são desde os tempos antigos, desde os dias da eternidade." Miquéias 5:2

Essa é a época do ano quando, querendo ou não, estamos obrigados a pensar no nascimento de Cristo. Considero que é uma das coisas mais absurdas debaixo do céu pensar que existe religião quando se guarda o dia de Natal. Não há nenhuma probabilidade de que nosso Salvador Jesus Cristo tenha nascido nesse dia, e a observância dele é puramente de origem papal - sem dúvida os que são católicos tem o direito de reivindicar-lo - mas não posso entender como os protestantes consistentes podem ter-lo de alguma maneira como sagrado. No entanto, eu desejaria que houvesse dez ou doze dias de Natal ao ano – porque há suficiente trabalho no mundo e um pouco mais de descanso não faria mal ao povo trabalhador.

O dia de Natal é realmente uma benção para nós, particularmente porque nos congrega em redor da lareira de nossas casas e nos reunimos uma vez mais com nossos amigos. No entanto, ainda que não seguimos os passos de outras pessoas, não vejo dano algum em pensarmos na encarnação e no nascimento do Senhor Jesus. Não queremos ser classificados entre aqueles que:

"Colocam mais cuidado em guardar o dia de festa
De maneira incorreta
Que o cuidado que outros têm
para guardar-lo de maneira correta"

Os antigos puritanos faziam ostentação do trabalho no dia de Natal, só para mostrar que protestavam contra a observação desse dia. Mas nós cremos que protestavam tão radicalmente, que desejamos como descendentes seus aproveitar o bem acidental conferido há esse dia, e deixar que os supersticiosos sigam com suas superstições.

Vou de imediato ao ponto que tenho que comentar-lhes. Vemos, em primeiro lugar, quem foi o que enviou Cristo. Deus o Pai fala aqui, e diz: "de ti me sairá o que governará em Israel." Em segundo lugar, de onde veio no momento de Sua encarnação? Em terceiro lugar, para que veio"Para governar em Israel". Em quarto lugar, já tinha vindo antes? Sim, já o tinha feito. "cujas saídas são desde os tempos antigos, desde os dias da eternidade."
I. Então, em primeiro lugar, QUEM ENVIOU CRISTO? A resposta nos é dada pelas próprias palavras do texto: "De ti", diz o Senhor, falando pela boca de Miquéias, "de ti me sairá." É um doce pensamento que Jesus Cristo não veio sem a permissão, autoridade, consentimento e ajuda de seu Pai. Foi enviado pelo Pai para ser o Salvador dos homens. Ai! Estamos inclinados a esquecer que, se é certo que existe distinções enquanto às Pessoas da Trindade, não existe distinção no que toca a honra – e frequentemente atribuímos a honra de nossa salvação, ou pelo menos as profundidades de Sua misericórdia e o extremo de Sua benevolência, muito mais a Jesus Cristo do que ao Pai. Esse é um grande erro. Jesus veio? Por acaso o Pai não foi quem o enviou? E se foi convertido em um bebê, acaso não foi o Espírito Santo que o gerou? Se falou maravilhosamente, não teria sido o Pai que derramou graça em Seus lábios, para que fosse um capacitado ministro do novo pacto?

Se Seu Pai o abandonou quando tomou a amarga copa de fel, acaso não o amava? E depois de três dias, não Lhe levantou dos mortos e O recebeu no alto, levando cativo o cativeiro? Ah, amados irmãos, quem conhece ao Pai, o Filho, e o Espírito Santo como deveria conhecer-lhes, nunca coloca Um em detrimento do Outro – não está mais agradecido a Um do que com Outro – Vê a Eles todos em Belém, em Getsemani e no Calvário, Todos igualmente envolvidos na obra de salvação. "De ti me sairá." Oh cristãos, têm colocado sua segurança unicamente Nele? E, está unido a Ele? Então, deve crer que está unido ao Deus do céu – posto que vocês são irmãos do homem Cristo Jesus, e têm uma íntima relação com Ele, então, por essa razão, estão ligados ao Deus eterno, e "o Ancião de dias" é Pai e amigo de vocês. "De ti ME sairá"

Por acaso você nunca viu a profundidade do amor que havia no coração do Senhor, quando Deus Pai preparou Seu Filho para a grandiosa empreitada de misericórdia? No céu, houve um triste dia quando Satanás caiu, e levou consigo um terço das estrelas do céu, quando o Filho de Deus, lançado de Sua grandiosa destra dos trovões onipotentes, lançou o grupo rebelde ao fosso de perdição – porem, se pudéssemos conceber uma pena no céu, deve ter sido num dia mais triste quando o Filho do Altíssimo deixou o seio de Seu Pai, onde havia descansado desde antes de todos os mundos. "", disse o Pai, "com a benção de teu Pai sobre Tua cabeça!" Logo vem o despojar de seus vestidos. Como os anjos se reúnem em volta, para ver ao Filho de Deus tirar suas vestes! Colocou de um lado Sua coroa - disse "Pai, eu sou Senhor de tudo, bendito para sempre – porem, vou deixar minha coroa de lado, e serei como os homens mortais." Despoja-se de sua brilhante veste de glória – "Pai," diz "colocarei uma roupa de barro, da mesma que os homens usam." Logo, se despe de todas Suas jóias com as quais era glorificado – coloca de lado Seus mantos bordados de estrelas e suas túnicas de luz, para vestir-se com a simples roupa do campesino da Galiléia. Quão solene deve ter sido esse despojar! 

Em seguida, podem imaginar a separação? Os anjos servem ao Salvador ao largo das ruas, até que se aproximam das portas, quando um anjo exclama: "Levantai, ó portas, as vossas cabeças, levantai-vos, ó entradas eternas, e sairá o Rei da Glória." Oh! Sou do parecer que os anjos devem ter chorado quando perderam a companhia de Jesus – quando o Sol do Céu lhes arrebatou toda Sua luz. Porem, o seguiram. Desceram com Ele – e quando Seu espírito entrou na carne, e se converteu em bebê, foi servido por esse poderoso exército angelical - esses que depois de terem estado com Ele no casebre de Belém, e depois de ver-lhe descansar no peito de Sua mãe, em seu caminho de volta ao alto, apareceram para os pastores e disseram para eles que tinha nascido o Rei dos judeus. O Pai o enviou! Contemplem esse tema. Suas almas devem se agarrar nesse ponto, e em cada período de Sua vida pensem que Ele sofreu o que o Pai assim quis – que cada passo de Sua vida foi marcado com a aprovação do grandioso EU SOU. Cada pensamento que tenham sobre Jesus deve estar conectado com o Deus eterno, sempre bendito; pois "Ele," disse o Senhor, "ME sairá." Então, quem o enviou? A reposta: o Pai.

II. Agora, em segundo lugar, DE ONDE VEIO? Uma palavra ou duas relativas à Belém. Foi considerado bom e adequado que nosso Salvador nascesse em Belém, e isso devido à história dessa cidade, ao nome de Belém, e a posição de Belém: pequena em Judá

1) Em primeiro lugar, considerou-se que Cristo nascesse em Belém, devido à história de Belém. A pequena aldeia de Belém era muito querida para todo israelita. Jerusalém podia brilhar mais que ela em esplendor, pois ali estava o Templo, a glória de toda a terra, e "formosa província, o gozo de toda terra, é o Monte Sião" – no entanto, em torno de Belém aconteceu um número de incidentes que a converteram para sempre em um lugar agradável de descanso para mente de cada judeu. Até mesmo o cristão não pode deixar de amar Belém.

Creio que a primeira menção que temos de Belém é triste. Ali morreu Raquel. Se buscarem no capítulo 35 de Gênesis, encontrarão que o versículo 16 diz: 

Partiram de Betel; e havia ainda um pequeno espaço de terra para chegar a Efrata, e deu à luz Raquel, e ela teve trabalho em seu parto. E aconteceu que, tendo ela trabalho em seu parto, lhe disse a parteira: Não temas, porque também este filho terás. E aconteceu que, saindo-se-lhe a alma (porque morreu), chamou-lhe Benoni; mas seu pai chamou-lhe Benjamim. Assim morreu Raquel, e foi sepultada no caminho de Efrata; que é Belém. E Jacó pôs uma coluna sobre a sua sepultura; esta é a coluna da sepultura de Raquel até o dia de hoje. (Genesis 35:16-20)

Esse é um incidente singular: quase profético. Não teria podido Maria ter chamando a seu próprio filho Jesus de seu Benoni? Pois ele ia ser "o filho de minha dor."

Simão lhe disse: (E uma espada traspassará também a tua própria alma); para que se manifestem os pensamentos de muitos corações. (Lucas 2:35) Mas, ainda que ela podia ter-lhe chamado Benoni, como Deus seu Pai o chamou? Benjamim, o filho de minha mão direita – Benjamim enquanto a Sua divindade. Esse pequeno incidente parece ser quase uma profecia que Benoni: Benjamim, o Senhor Jesus, devia nascer em Belém

Porem, outra mulher faz esse lugar celebre. O nome dessa mulher era Noemi. Ali em Belém, em dias posteriores, viveu essa mulher ,de nome Noemi, quando talvez a pedra que o amor de Jacó por Raquel tinha levantado já estivesse coberta pelo musgo e sua inscrição talvez já borrada pelo tempo. Ela também foi uma filha de gozo, mas também foi uma filha de amargura. Noemi foi uma mulher que o Senhor tinha amado e abençoado, mas ela teve que marchar a uma terra estranha; e ela disse: "Não me chameis Noemi; chamai-me Mara; porque grande amargura me tem dado o Todo-Poderoso" (Rute 1:20) No entanto, ela não estava sozinha em meio de todas suas perdas, pois agarrou-se a ela Rute, a moabita, cujo sangue gentil devia se unir com a torrente pura e sem mancha do judeu, que devia gerar ao Senhor nosso Salvador, o grandioso Rei tanto dos judeus como dos gentios.

O belíssimo livro de Rute tinha todo seu cenário em Belém. Foi em Belém que Rute saiu a recolher espigas nos campos de Boaz; foi ali que Boaz a olhou, e lá que ela se prostrou em terra diante de seu senhor; foi ali que foi celebrado seu matrimonio, e nas ruas de Belém, Boaz e Rute receberam uma bênção que os fez frutíferos, de tal forma que Boaz converte-se no pai de Obede, e Obede pai de Jessé, e Jessé gerou a Davi. Esse último feito cinge Belém com glória: o fato de Davi ter nascido ali – o poderoso herói que matou ao gigante filisteu, que livrou aos descontentes de sua terra da tirania de seu monarca, que depois, com pleno consentimento de um povo que assim o queria, foi coroado rei de Israel e de Judá.

Belém era uma cidade real, porque reis foram gerados ali. Ainda que Belém fosse pequena, tinha muito para ser estimada – porque era como certos principados que temos na Europa, que não são celebrados por nada a não ser terem gerado consortes das famílias reais da Inglaterra. Era um direito, então, pela história, que Belém devia ser o lugar do nascimento de Cristo.

2) Mais adiante, existe algo no nome do lugar. "Belém Efrata." A palavra "Belém" tem um duplo significado: quer dizer "casa de pão," e "casa da guerra." Cristo não devia nascer na "casa do pão?" Ele é o pão de seu povo, de Quem recebe seu alimento. Como nossos pais comeram o maná no deserto, assim nós vivemos de Cristo aqui embaixo. Famintos frente ao mundo, não podemos alimentar-nos de suas sombras, pois eles são porcos; já nós precisamos de algo mais substancial, e nesse pão do céu, feito do corpo ferido de nosso Senhor Jesus, e cozido no forno de Suas agonias, encontramos um bendito alimento. Não existe alimento como Jesus para a alma desesperada ou para o mais forte dos santos. O mais humilde da família de Deus, vá a Belém por seu pão – e o homem mais forte, que come sólidos alimentos, vá a Belém por eles.

Casa do Pão! De onde poderia vir nosso alimento fora de Ti? Temos provado ao Sinai, porem em seus picos afiados não crescem frutos, e suas alturas espinhosas não produzem o trigo que possa alimentar-nos. Fomos ao próprio Tabor, onde Cristo foi transfigurado, e, no entanto, ali não fomos capazes de comer Sua carne e beber Seu sangue.

Porem, você, Belém, casa de pão, corretamente foi nomeada – pois ali se lhe deu ao homem pela primeira vez o pão da vida. E também é chamada "a casa da guerra;" porque Cristo é para os homens "casa do pão", ou do contrário, "casa da guerra." Enquanto Ele é alimento para o justo, faz guerra ao ímpio, segundo Sua própria palavra: "Não cuideis que vim trazer a paz à terra; não vim trazer paz, mas espada; Porque eu vim pôr em dissensão o homem contra seu pai, e a filha contra sua mãe, e a nora contra sua sogra; E assim os inimigos do homem serão os seus familiares." ( Mateus10:34-36)

Pecador! Se não conheces Belém como "a casa do pão", então ela será para ti uma "casa de guerra." Se nunca bebes o doce mel dos lábios de Jesus – se não és como a abelha que sorve do delicioso e doce licor da Rosa de Saron, então, dessa mesma boca sairá uma espada de dois gumes contra ti – e essa mesma boca da quão os justos sacam seu pão, será para ti a boca da destruição e a causa de teu mal.

Jesus de Belém, casa de pão e casa de guerra, nós confiamos em que lhe conhecemos como nosso pão. Oh, que alguns que não estão em guerra Contigo possam ouvir em seus corações, assim como em seus ouvidos, o hino:

"Paz na terra, e indulgente
Misericórdia;
Deus e os pecadores reconciliados."

Agora, vamos nos referir a essa palavra: "Efrata". Esse era o antigo nome do lugar, que os judeus conservavam e amavam. Seu significado é "Fecundidade" ou "abundância" Ah! Que adequado foi que Jesus nascera na casa da fecundidade – pois, de onde vem minha fertilidade e sua fertilidade, meu irmão, senão de Belém? Nossos pobres corações infrutíferos nunca produziram nenhum fruto, nenhuma flor, até que foram regados com o sangue do Salvador.

É a sua encarnação que enriquece o solo de nossos corações. Por toda terra havia espinhas salientes, e venenos mortais, antes que Ele viesse – porem nossa fertilidade vem Dele. "Sou como a faia verde; de mim é achado o teu fruto." (Oséias 14:8) "todas as minhas fontes estão em ti." (Salmo 87:7) Se nós somos como arvores plantadas junto à corretes de águas, dando fruto na estação própria, não é porque tenhamos sido naturalmente frutíferos, mas antes, por causa das correntes de águas juntos as quais fomos plantados.

Jesus é que nos faz fecundos. "Quem está em mim, e eu nele, esse dá muito fruto" (João 15:5) Gloriosa Belém Efrata! Bem nomeada! Fértil casa de pão – a casa de abundante provisão para o povo de Deus! 

3) Continuando, notemos a posição de Belém. É dito que é "pequena para estar entre as famílias de Judá." Por que é dito isso? Porque Jesus Cristo sempre vai em meio dos pequenos. Ele nasceu na pequena aldeia "para estar entre as famílias de Judá." Não na alta colina de Basã, nem no monte real de Hebron, nem nos palácios de Jerusalém, mas sim na humilde, porem ilustre, aldeia de Belém.

Há uma passagem em Zacarias que nos ensina uma lição: diz que um varão que cavalgava sobre um cavalo vermelho, estava entre as murtas que estavam na baixada. (Zacarias 1:8-10) Agora, as murtas crescem nas baixadas – e o homem cavalga seu cavalo sempre trota ali. Ele não vai por cima da montanha – Ele cavalga entre os humildes de coração. "Olharei, para o pobre e abatido de espírito, e que treme da minha palavra." (Isaías 66:2)

Há alguns pequenos entre nós hoje: "pequena para se achar entre os milhares de Judá." Ninguém escutou antes o nome de vocês, não é verdade? Se os enterram e escrevem seus nomes em suas tumbas, passariam despercebidos. Os que passassem ali diriam: "esse não significa nada para mim: nunca o conheci."

Não sabe muito de si próprio, nem possui uma grande opinião sobre você mesmo – talvez a duras penas possa ler. Ou, se têm algumas habilidades e talentos, é desprezado pelos homens – ou, se não é depreciado por eles, você se despreza a si próprio. É um dos pequenos. Bem, Cristo sempre nasce em Belém entre os pequeninos. Cristo nunca entra nos grandes corações – Cristo não habita nos grandes corações, mas nos pequeninos. Os espíritos poderosos e orgulhosos nunca têm a Jesus Cristo, pois Ele entra por portas baixas, e nunca entrará por portas altas e elevadas.

Quem tem um coração quebrantado, e um espírito humilhado, terá ao Salvador, e ninguém mais. Ele não cura nem ao príncipe nem ao rei, mas sim, mas "ele sara aos quebrantados de coração e ata-lhes suas feridas" (Salmo 147:3). Que doce pensamento! Ele é o Cristo dos pequeninos. "E tu, Belém Efrata, posto que pequena entre os milhares de Judá, de ti me sairá o que governará em Israel."

Não podemos abandonar esse ponto sem outro pensamento aqui, quão maravilhosamente misteriosa foi essa providência que trouxe a mãe de Jesus Cristo para Belém, no mesmo momento que ia dar a luz! Seus pais moravam em Nazaré – e com que motivo teriam desejado viajar nessa hora? Naturalmente, teriam ficado em casa – não é nada provável que sua mãe teria feito uma viagem a Belém encontrando-se nessa condição especial. Porem, Augusto César promulga um edito que todo o mundo deve ser recenseado. Muito bem, então que sejam recenseados em Nazaré. Não – agradou a Ele que todos deveriam ir para Sua cidade. Mas, por que Augusto pensou nisso precisamente nesse momento em especial? Simplesmente porque enquanto o homem pensa seu caminho, o coração do rei está nas mãos do SENHOR. (Provérbios 21:1)

Mil variáveis se relacionaram entre si, como diz o mundo, para produzir esse evento! Antes de tudo, César tem uma disputa com Herodes – certo alguém da família de Herodes foi deposto. César diz: "Vou impor impostos à Judéia, e vou convertê-la em uma província, em vez de manter-la um reino separado." Pois bem, tinha que se fazer assim. Mas, quando isso deve ser feito? Essa lei impositiva, se diz, começou quando Cirino era governador da Síria. Porem, por que deve ser levada a cabo nesse exato momento, suponhamos, que em Dezembro? Por que não foi feito no mês de Outubro? E, por que o povo não poderia ser recenseado no local onde residia? Não era seu dinheiro tão bom ai onde se vivia como em qualquer outro lugar? Era um capricho de César; porem era o decreto de Deus.

Oh, nós amamos a sublime doutrina da absoluta predestinação eterna. Alguns têm duvidado que seja consistente com o livre-arbítrio do homem. Bem sabemos que é assim e nunca vimos nenhuma dificuldade no assunto – cremos que os filósofos metafísicos são os que têm criado as dificuldades – nós não enxergamos nenhum problema. Corresponde-nos crer que o homem faz o que lhe bem parece, mas, no entanto, "para isto mesmo te levantei; para em ti mostrar o meu poder, e para que o meu nome seja anunciado em toda a terra." (Romanos 9:17) O homem faz o que quer – mas Deus também faz com que o homem faça o que Ele quer. E mais, não só a vontade do homem está debaixo da absoluta predestinação do SENHOR, antes, todas as coisas, grandes ou pequenas, são Dele. Bem disse o bom poeta: "sem dúvida, o navegar de uma nuvem tem a Providência como seu piloto; sem dúvida a raiz de um carvalho é encaroçada devido a um especial propósito, Deus rodeia todas as coisas, cobrindo o globo terrestre como o ar." Não existe nada grande ou pequeno, que não seja Dele.

O pó do verão move-se em sua rota, guiado pela mesma mão que dispersa às estrelas pela extensão do céu – as gotas de orvalho têm seu Pai, e cobrem a pétala da rosa conforme Deus o ordena; sim, as folhas secas do bosque, quando são esparramadas pela tormenta, têm uma posição assinalada de onde devem cair, e não podem modificar ela. No que é grande e no pequeno, Deus ali está: Deus em tudo, fazendo todas as coisas de acordo ao conselho de Sua própria vontade; e ainda que o homem busque ir contra seu Criador, ele não pode tal coisa.

Deus tem colocado um limite ao mar com uma barreira de areia; e se o mar levanta uma onda trás outra, no entanto, não excederá seu limite assinalado. Tudo é de Deus; e a Ele, que guia as estrelas e dá asas aos pardais, que governa os planetas e também move os átomos, que fala trovões e sussurra brisas, a Ele seja a glória, pois Deus está em cada coisa.

III. Isso nos leva ao terceiro ponto: PARA QUE VEIO JESUS? Ele veio para ser "governador em Israel." É algo muito singular que se dissera de Jesus Cristo que era "nascido o rei dos judeus." Poucos alguma vez "nasceram reis." Alguns homens nascem como príncipes, mas é coisa rara nascerem como reis. Não creio que se encontre algum caso na história onde um menino tenha nascido rei. Nasceu como Príncipe de Gales, talvez, e teve que esperar anos, até que seu pai morresse, e então fizessem do herdeiro rei, pondo uma coroa na sua cabeça, e uma crisma sagrada, e outras estranhas coisas desse tipo; mas não nasceu rei. Não recordo de ninguém que tenha nascido rei, exceto Jesus – e existe um significado enfático nesse verso que cantamos:

"Nascido para libertar Teu povo;
Nascido menino, mas, no entanto, rei"

No instante que veio à terra Ele era um rei. Não teve que esperar sua maioridade para poder assumir Seu império – mas tão pronto como Seu olho saudou a luz do sol, era rei – desde o instante que Sua pequeninas mãos tomaram alguma coisa, tomaram um cetro; logo que seu pulso pulsou, e Seu sangue começou a fluir, seu coração bradou com batidas reais, e seu pulso pulsou com uma medida imperial, e seu sangue fluiu em uma corrente de realeza. Ele nasceu rei. Veio para "governar em Israel." "Ah!" dirá alguém, "então veio em vão, pois exerceu muito pouco seu governo, pois 'Veio para o que era seu, e os seus não o receberam,'(João 1:11) veio a Israel mas não foi seu Rei, antes foi mais bem 'desprezado, e o mais rejeitado entre os homens' ( Isaias 53:3) rejeitado por todos eles, e abandonado por Israel, por quem veio."

Ai, mas "nem todos os que são de Israel são israelitas;" (Romanos 9:6), nem tampouco porque sejam da semente de Abraão são todos também chamados. Ah, não! Ele não é Senhor de Israel segundo a carne, antes que, é Senhor de Israel segundo o espírito. Muitos lhe obedeceram em seu caráter de Senhor. Por acaso os apóstolos não se inclinaram diante Ele, e lhe reconheceram como rei? E agora, Israel não o saúda como seu Senhor? Acaso toda a semente de Abraão segundo o espírito, todos os crentes, pois ele é o "pai dos crentes," não reconhecem que a Cristo pertencem os escudos dos poderosos, pois Ele é o Rei de toda a terra? Não governa em Israel? Ai sim, Ele verdadeiramente reina; e aqueles que não são governados por Cristo não são de Israel. Ele veio para ser Senhor de Israel.

Meu irmão, já se submeteu ao governo de Jesus? É Senhor de seu coração, ou não? Podemos conhecer a Israel por isso: Cristo veio a seus corações, para ser Senhor deles. "Oh" dirá alguém, "faço o que me dá na telha, nunca estive debaixo da servidão de ninguém." Ah! Então você odeia ao senhorio de Cristo. "Oh", dirá outro, "me submeto a meu ministro, a meu clérigo, a meu sacerdote, e penso que o que me diz é suficiente, pois ele é meu senhor." É assim? Ah! Pobre escravo, não conhece sua dignidade; pois ninguém é seu senhor legal senão o Senhor Jesus Cristo. "Ai," diz outro, "professei Sua religião, e sou Seu seguidor." Mas, governa Ele em seu coração? Tem Ele o comando de seu coração? Ele guia seu juízo? Você busca em Sua mão o conselho quando prova dificuldades? Está desejoso de honra-Lhe, e colocar coroas sobre Sua cabeça? Ele é seu Senhor? Se for assim, então você é um dos de Israel; pois está escrito: "governará em Israel."

Bendito Senhor Jesus! Tu és Senhor nos corações dos que são Teu povo, e sempre o serás; não queremos outro senhor, salvo a Ti, e não nos submetemos a ninguém mais, alem de Ti. Somos livres, posto que somos servos de Cristo; estamos em liberdade, já que Ele é nosso Senhor, e não conhecemos nenhuma servidão nem alguma escravidão, porque somente Jesus Cristo é o monarca de nossos corações. Ele veio para ser "Senhor em Israel;" e atente bem, essa Sua missão não está, todavia, terminada, e não o estará até as glórias futuras. Dentre de pouco verão Cristo vir de novo, para ser Senhor sobre Seu povo Israel, e governar sobre eles, não somente como o Israel espiritual, mas também como o Israel natural, pois os judeus serão restaurados a sua terra, e as tribos de Jacó cantarão nas naves de seu templo; a Deus serão oferecidos novamente hinos hebreus de louvor, e o coração do judeu incrédulo será derretido aos pés do verdadeiro Messias.

Em breve, Aquele que em Seu nascimento foi saudado como rei dos judeus por certos orientais, e de Quem em Sua morte um ocidental escreveu "Rei dos Judeus", será chamado rei dos judeus em todas as partes; sim, Rei dos judeus e também dos gentios; nessa monarquia universal, cujo domínio se estenderá por todo o globo da Terra, e cuja duração será sem tempo. Ele veio para ser Senhor em Israel, e com toda certeza será Senhor, quando reine gloriosamente em Seu povo, com todos seus antepassados.

IV. E agora, o ultimo ponto é, JESUS CRISTO JÁ VEIO ALGUMA VEZ ANTES? Respondemos que sim, pois nosso texto diz: "... e cujas saídas são desde os tempos antigos, desde os dias da eternidade." (Miquéias 5:2)

Primeiro ponto, Cristo teve Suas saídas em Sua divindade. "desde os dias da eternidade." Ele não tinha sido uma pessoa secreta e silenciosa até esse momento. Esse menino recém-nascido fez maravilhas desde muito tempo antes; esse bebê dormindo nos braços de Sua mãe, hoje é bebê, mas é o Ancião da eternidade; esse menino que está ali não fez Sua primeira aparição no cenário desse mundo; Seu nome, todavia, não tinha sido escrito no registro dos circuncidados; porem, ainda que não o saibas, as "saídas são desde os tempos antigos, desde os dias da eternidade."

1) Desde tempos antigos, Ele saiu como nossa cabeça do pacto na eleição, "nos elegeu nele antes da fundação do mundo" ( Efésio 1:4)

"Cristo seja Meu primeiro eleito, disse,
E logo elegeu nossas almas em Cristo
nossa Cabeça"

2) Ele saiu por Seu povo, como seu representante diante do trono, ainda antes que esse povo fosse gerado no mundo. Foi desde a eternidade que Seus poderosos dedos tomaram a pluma, e a caneta das eras, e escreveram Seu próprio nome, o nome do eterno Filho de Deus – foi desde a eternidade que firmou o pacto com seu Pai, no qual pagaria sangue por sangue, ferida por ferida, sofrimento por sofrimento, agonia por agonia, e morte por morte, em favor de Seu povo – foi desde a eternidade que Ele se entregou a Si mesmo, sem murmurar uma palavra, que desde Sua cabeça até a planta dos Seus pés suaria sangue, que seria cuspido, transpassado, burlado, seria partido em dois, sofreria a dor da morte, e as agonias da cruz. Suas saídas como nossa garantia foram desde a eternidade.

Faça uma pausa, alma, e assombre-se! Você teve saídas na pessoa de Jesus desde a eternidade. Não somente quando nasceu nesse mundo que Cristo lhe amou, porem, Seus deleites estavam com os filhos dos homens desde antes que houvesse filhos dos homens. Frequentemente pensava neles – de eternidade a eternidade Ele tinha posto Seu afeto neles. Como então, crente, Ele esteve envolvido em sua salvação desde muito tempo atrás, e não vai alcançar-la? Desde a eternidade Ele saiu para salvar-me, e vai me perder agora? Como? Tem-me em Sua mão, como Sua jóia preciosa, e deixará que resvale em meio de Seus preciosos dedos? Elegeu-me antes que as montanhas fossem colocadas, ou que os canais das profundezas fossem esculpidos, e agora me perderá? Impossível!

"Meu nome das palmas de Suas mãos
A eternidade não pode apagar;
Gravado em Seu coração permanece
Com marcas de graça inapagáveis"

Estou seguro que não me amaria durante tanto tempo, para logo após deixar de fazê-lo. Se tivesse a intenção de se cansar de mim, já o teria feito há muito. Se não tivesse me amado com um amor tão profundo como o inferno e tão inexpressável como a tumba, se não tivesse dado todo Seu coração, estou seguro que já teria me abandonado há muito! Ele sabia o que eu seria, e Ele teve muito tempo para considerar isso; mas eu sou Seu eleito, e isso é definitivo. E, apesar de indigno como sou, não me é dado resmungar, se Ele está contente comigo. Porem, Ele está contente comigo: deve estar satisfeito comigo – pois Ele me conheceu o suficiente para conhecer minhas falhas. Ele me conheceu antes que eu me conhecera - sim, Ele me conheceu antes que eu existisse. Antes que meus membros fossem formados, foram escritos em Seu livro: "Os teus olhos viram o meu corpo ainda informe; e no teu livro todas estas coisas foram escritas; as quais em continuação foram formadas, quando nem ainda uma delas havia." (Salmos 139:16) Seus olhos de afeto focaram nesses membros. Ele sabia quanto mal eu ia me portar com Ele, e no entanto tem seguido amando-me:

"Seu amor de tempos passados me impede
de pensar,
Que me deixará ao fim em problemas que me
afoguem."

Não – já que "suas saídas são desde o principio, desde os dias da eternidade," serão "até a eternidade."

Em segundo lugar, cremos que Cristo tem saído desde tempos remotos aos homens, de tal forma que os homens o viram. Não me deterei para dizer-lhes que foi Jesus Quem passeava no jardim do Éden, ao ar livre, pois Seus deleites estavam com os filhos dos homens – nem vou me demorar assinalando-lhes todas as diversas maneiras em que Cristo saiu em Seu povo na forma de anjo da aliança, o Cordeiro pascal, a serpente de bronze, a sarça ardente, e outros dez mil tipos com os quais a história sagrada está tão repleta – porem, prefiro mostrar-lhes quatro ocasiões especificas quando Jesus Cristo nosso Senhor apareceu na terra como um homem, antes de Sua grandiosa encarnação para nossa salvação.

E, primeiro, rogo que vamos ao capitulo 18 de Genesis, onde Jesus Cristo apareceu a Abraão, de quem lemos:

"Depois apareceu-lhe o SENHOR nos carvalhais de Manre, estando ele assentado à porta da tenda, no calor do dia. E levantou os seus olhos, e olhou, e eis três homens em pé junto a ele. E vendo-os, correu da porta da tenda ao seu encontro e inclinou-se à terra, E disse: Meu Senhor, se agora tenho achado graça aos teus olhos, rogo-te que não passes de teu servo." ( Genesis 18: 1-3) 

Porem, ante quem se inclinou? Disse: "Senhor" só a um deles. Havia um homem no meio deles mais eminente devido Sua glória, pois se tratava do Deus-homem Cristo – os outros dois eram anjos criados, que tinha assumido a aparência de homens temporariamente. Mas esse era o homem Jesus: "E disse: Meu Senhor, se agora tenho achado graça aos teus olhos, rogo-te que não passes de teu servo. Que se traga já um pouco de água, e lavai os vossos pés, e recostai-vos debaixo desta árvore;" (Genesis 18:3-4) Notaram que esse homem majestoso, essa pessoa gloriosa, se deteve para falar com Abraão? No versículo 22, é dito: "Então viraram aqueles homens os rostos dali, e foram-se para Sodoma; mas Abraão ficou ainda em pé diante da face do SENHOR." Observaram que esse homem, o Senhor, manteve uma doce comunhão com Abraão, e permitiu-lhe interceder pela cidade que estava a ponto de destruir. Estava positivamente como um homem. De tal forma que quando caminhou nas ruas da Judéia, não era primeira vez que era um homem – já o tinha sido antes, "nos carvalhais de Manre... no calor do dia."

Há outro exemplo – sua aparição a Jacó, que temos registrada no capítulo 32 de Genesis, no versículo 24. Toda sua família tinha partido: "Jacó, porém, ficou só; e lutou com ele um homem, até que a alva subiu. E vendo este que não prevalecia contra ele, tocou a juntura de sua coxa, e se deslocou a juntura da coxa de Jacó, lutando com ele. E disse: Deixa-me ir, porque já a alva subiu. Porém ele disse: Não te deixarei ir, se não me abençoares. E disse-lhe: Qual é o teu nome? E ele disse: Jacó. Então disse: Não te chamarás mais Jacó, mas Israel; pois como príncipe lutaste com Deus e com os homens, e prevaleceste." ( Genesis 32:24-28) Esse era um homem, e, no entanto, era Deus. "pois como príncipe lutaste com Deus e com os homens, e prevaleceste."E Jacó sabia que esse homem era Deus, pois disse no versículo 30: "Tenho visto a Deus face a face, e a minha alma foi salva."

Encontrarão outro exemplo no livro de Josué. Quando Josué atravessou a baixa corrente do Jordão, e entrou na terra prometida, e estava a ponto de tirar fora os cananeus, veja só, esse poderoso homem-Deus apareceu a ele! No capítulo 5, no versículo 13, lemos: "E sucedeu que, estando Josué perto de Jericó, levantou os seus olhos e olhou; e eis que se pôs em pé diante dele um homem que tinha na mão uma espada nua; e chegou-se Josué a ele, e disse-lhe: És tu dos nossos, ou dos nossos inimigos? E disse ele: Não, mas venho agora como príncipe do exército do SENHOR." E Josué viu imediatamente que havia divindade Nele, pois "se prostrou com o seu rosto em terra e o adorou, e disse-lhe: Que diz meu senhor ao seu servo?". Agora, se esse tal tivesse sido um anjo criado, teria repreendido Josué, dizendo: "sou um servo como tu." Mas não – "disse o príncipe do exército do SENHOR a Josué: Descalça os sapatos de teus pés, porque o lugar em que estás é santo. E fez Josué assim." (Gênesis 5:15)

Outro exemplo notável é o que está registrado no terceiro capítulo do Livro de Daniel, onde lemos a história quando Sadraque, Mesaque e Abednego são lançados no meio de um forno de fogo ardente, e como o tinham aquecido mais ainda, e como a chama do fogo matou os que a tinham acalentado. Subitamente, o rei perguntou aos de seus conselheiros: "Não lançamos nós, dentro do fogo, três homens atados? Responderam e disseram ao rei: É verdade, ó rei. Respondeu, dizendo: Eu, porém, vejo quatro homens soltos, que andam passeando dentro do fogo, sem sofrer nenhum dano; e o aspecto do quarto é semelhante ao Filho de Deus." (Daniel 3:24-25) Como Nabucodonosor poderia saber isso? Só porque tinha algo de tão nobre e majestoso na forma em que esse maravilhoso Homem se comportava, e uma terrível influência o circundava que maravilhosamente quebrou os dentes consumidores dessa chama devoradora e destruidora, de tal forma que nem mesmo podia chamuscar os filhos de Deus. Nabucodonosor reconheceu Sua humanidade. Não disse: "vejo a três homens e a um anjo", mas sim disse: "vejo realmente quatro homens, e a forma do quarto é como ao Filho de Deus" Vem, então, o que significa que Suas saídas são "desde os dias da eternidade."

Observem aqui por um momento, que cada uma dessas quatros ocorrências sucederam as santos quando eles estavam envolvidos em deveres muito eminentes, ou quando estavam a ponto de se envolver neles. Jesus Cristo não aparece a Seus santos cada dia. Ele não veio ver Jacó até que não esteve em aflição – Ele não visitou Josué antes que estivesse a ponto de se meter em uma guerra santa. Somente em condições extraordinárias que Cristo assim e manifesta a Seu povo

Quando Abraão intercedeu por Sodoma, Jesus estava com ele, pois um dos empregos mais elevados e mais nobres de um cristão é esse da intercessão, e é quando ele está ocupado dessa maneira que terá a probabilidade de obter uma visão de Cristo. Jacó estava envolvido em lutar, e essa é uma parte do dever de um cristão, que alguns de vocês nunca experimentaram – consequentemente, vocês não tem muitas visitas de Jesus. Foi quando Josué estava exercitando a valentia que o Senhor se encontrou com ele. O mesmo foi com Sadraque, Mesaque e Abednego – eles encontravam-se nos lugares altos da perseguição devido o apego ao dever, quando Ele veio a eles, e lhes disse: "estarei com vocês, passando através do fogo."

Há certos lugares especiais nos quais devemos entrar, para encontrarmos com o Senhor. Devemos estar em grandes problemas, como Jacó; devemos estar em meio de grandes trabalhos, como Josué; devemos ter uma grande fé de intercessão como Abraão; devemos estar firmes no desempenho de um dever, como Sadraque, Mesaque e Abednego – do contrário, não O conheceremos, "cujas saídas são desde os tempos antigos, desde os dias da eternidade." Ou, se O conhecemos, não seremos capazes de "compreender, com todos os santos, qual seja a largura, e o comprimento, e a altura, e a profundidade." (Efésios 3:18)

Doce Senhor Jesus! Tu, cujas saídas foram desde o inicio, desde os dias da eternidade, Tu que, todavia, não abandonou Tuas saídas. Oh, que saísses hoje para animar ao desmaiado, para ajudar o cansado, para sarar nossas feridas, para consolar nossas aflições! Saí, lhe suplicamos, para conquistar os pecadores, para subjugar corações endurecidos, para romper as portas de ferro de seus pecados e fazer delas pedaços! Oh, Jesus! Sai; e quando saias, vem a mim! Sou um pecador endurecido? Vem a mim; eu necessito de Ti:

"Oh, que Tua graça subjugue meu coração;
Quer ser levado triunfante também;
Um cativo voluntário de meu Senhor,
Para cantar as honras de Tua palavra!"

Pobre pecador! Cristo não tem deixado de sair. E quando sai, lembre, vai a Belém. Você tem um Belém em seu coração? É pequeno? Então Ele sairá para você. Vá para casa e busque-lhe por meio de uma oração sincera. Se tiver sido levado a chorar por causa do pecado, e sente-se muito pequenino para que te vejam, vá a casa, pequeno! Jesus vem aos pequenos; suas saídas são desde o princípio, e Ele está saindo agora. Ele virá a sua velha e pobre casa – Ele virá a teu pobre coração infeliz – Ele virá, ainda que estejas na pobreza, e coberto de farrapos; ainda que estejas desamparado, atormentado e aflito – Ele virá, pois Suas saídas tem sido desde o principio, desde os dias da eternidade. Confia Nele, confia Nele, confia Nele; e ele sairá e habitará em teu coração por toda a eternidade.

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Escatologia Bíblica

O Erro Pré-Milenista

Por Rev. D. H. Kuiper

Como uma pessoa vê os eventos que cercam o retorno de Jesus Cristo em glória é determinado largamente pela interpretação dada ao termo milênio (mil anos – veja Apocalipse 20:1-7). Como foi apontado no artigo prévio, há três interpretações: pós-, pré- e a-milenismo. Temos visto que pós-milenismo é aquela visão otimista que sustenta que Cristo retornará depois do milênio (um longo período de tempo, não necessariamente de mil anos exatos), e encontrará o mundo completamente Cristianizado com somente uns poucos vestígios de pecado remanescente. Será uma era dourada de justiça e paz, a maioria da humanidade será salva, e as guerras desaparecerão da face da terra. Foi mostrado que tal conceito não pode ser harmonizado com muitas porções das Sagradas Escrituras e, portanto, deve ser rejeitado.

Considerando o pré-milenismo, a primeira dica que alguém recebe de que esta visão não pode ser o ensino da Palavra de Deus é a assombrosa falta de acordo entre os próprios pré-milenistas. Se as Escrituras apresentam as últimas coisas como esta visão insiste, não deveria haver unanimidade em tudo, exceto, talvez, em alguns pontos menores? Mas este não é o caso. A definição que ofereceremos não é, portanto, representativa de todos pré-milenistas, mas é suficientemente geral para incluir a maioria: o pré-milenismo histórico é a visão das últimas coisas que sustenta que a segunda vinda de Cristo será seguida por um período de paz (exatamente mil anos) durante o qual tempo Cristo reinará sobre esta terra num reino terreno; então, virá o fim. Uma forma mais radical desta visão é o dispensacionalismo. Os dispensacionalistas dividem a história da humanidade em sete períodos ou dispensações distintas, e ensinam que Deus trata com a raça humana durante cada período de acordo com um princípio distinto: inocência, consciência, governo humano, promessa, lei, graça e reino. Além do mais, esta visão insiste que a Igreja será removida da terra antes da grande tribulação (veja Mateus 24:29). Esta última visão, desenvolvida por John N. Darby na Inglaterra por volta de 1830, e disseminada neste país pela Bíblia de Referência Scofield, é realmente o fenômeno único chamado Pré-Milenismo Americano. Ele não é ensinado na Bíblia, mas na Bíblia de Referência Scofield. Não confundam as duas. A Bíblia é a infalível Palavra de Deus; a Bíblia de Referência Scofield é um comentário enganoso que contém “notas explicativas” na mesma página do texto da Escritura. O Pré-Milenismo nunca foi incorporado em nenhum dos credos, mas é uma interpretação privada de indivíduos de muitas denominações. Nunca foi mantido por teólogos destacados, nem ensinado em seminários onde a erudição e a exegese são proeminentes, mas por vários grupos Pentecostais e de Santidade, e Institutos Bíblicos. Hoje, isto parece ter mudado um pouco. O Pré-Milenismo parece estar invadindo aos poucos a comunidade Reformada. E é para contra-atacar esta tendência, e para oferecer ao povo de Deus algumas diretrizes escriturísticas para julgamento, que examinaremos brevemente esta visão errônea.

Tenhamos claramente em mente o seguinte. Seus principais distintivos são: 1. Os judeus são originalmente o povo de Deus, pelo qual Deus se interessou; eles são Seu povo do Reino. A eles Deus falou o Antigo Testamento inteiro e a eles Ele prometeu o Messias. 2. Quando Cristo veio, Ele não foi reconhecido nem crido pela maioria dos judeus. Esta contingência não tinha sido prevista pelos profetas, nem era o plano original de Deus. Contudo, visto que Israel, as dozes tribos, rejeitou o Cristo, como um expediente Ele lançou mão dos gentios, cujo povo constitui a Igreja em distinção do Reino. Dessa forma, a Igreja é um parêntese na história. Ela começou na cruz e terminará no começo do milênio. Além do mais, isto implica que a Escritura foi escrita para dois receptores distintos. Parte é para os judeus – o Antigo Testamento inteiro, a maior parte dos Evangelhos e especialmente o Sermão do Monte, e partes do Apocalipse. As epístolas mais outras partes do livro de Apocalipse são para a Igreja. 3. Em qualquer momento, sem sinais ou anúncio, haverá um Rapto. Veja 1 Tessalonicenses 4:13-17, Mateus 24:40-41 e Mateus 25:13. Por Rapto se quer dizer a vinda súbita e secreta de Cristo para tomar para Si, nos ares, os corpos dos santos vivos e ressuscitados. Os ímpios permanecerão no túmulo. Esta é a segunda vinda de Cristo para os Seus santos e é conhecida como a primeira ressurreição. 4. Depois se segue um período de sete anos chamado a Tribulação (a septuagésima semana de Daniel 9:24-27). Durante este tempo todos os eventos de Apocalipse 4:9 e Mateus 24 acontecerão. A Igreja, contudo, não estará sob a tribulação, mas estará com seu Senhor nos ares. 5. Então Cristo virá com os Seus santos para esta terra novamente na Revelação [Manifestação]. Neste tempo há uma segunda ressurreição daqueles santos que morreram durante a tribulação. A segunda vinda de Cristo introduz o Milênio. 6. Com o advento do Milênio, os tempos proféticos retornam, pois Deus se volta para o Seu povo favorecido, os judeus. Cristo vem para esta terra e reina num reino terreno de paz e prosperidade, um reino que tem o seu centro em Jerusalém. Os judeus são restaurados a Palestina, e à vista do Messias se voltam para Ele numa grande conversão nacional. No princípio deste período Satanás é amarrado, e Cristo destrói o Anticristo na batalha do Armagedon. A maldição é removida da natureza: os desertos florescem e os animais selvagens são amansados. Grandes números de gentios são também convertidos e incorporados a este Reino. 7. No final do Milênio, Satanás é solto por um pouco de tempo. 8. Então acontece a terceira ressurreição, a dos ímpios no final do mundo. Eles são julgados com o Diabo e seus anjos, achados em falta e designados a sentir para sempre o aguilhão do inferno. 9. Finalmente, o estado eterno com toda a plenitude do céu e a ausência do inferno é introduzido. Alguns dizem que todos os redimidos são reunidos num Novo Céu e Nova Terra. Outros mantêm que o Reino e a Igreja estarão separados para sempre; um na Palestina terrena, e a outra no céu.

O exposto acima é uma apresentação altamente condensada e grandemente simplificada do assunto. Alguns autores listam até 22 eventos separados. Muitos pregadores pré-milenistas devem utilizar quadros complicados espalhados na fachada do edifício da igreja para estarem seguros de que eles estão sendo seguidos. Um catálogo curto dos pontos importantes do pré-milenismo é o seguinte: sete dispensações, oito pactos, duas segundas vindas, três ou quatro ressurreições, e pelo menos quatro julgamentos. É difícil conceber isto como sendo o ensino da Bíblia, que foi escrita numa linguagem simples para pessoas simples; sim, para crianças. Agora, nos dirigiremos à refrescante, não complicada e clara Palavra de Deus, para obter luz nestes assuntos.

Como fundamento para todo pensamento Pré-Milenista, está a separação feita entre a velha dispensação de Israel e a nova dispensação da Igreja. A questão é: Israel é o povo do Reino de Deus e os gentios Sua igreja? Ou Israel é um conceito espiritual, de forma que Israel é a Igreja e a Igreja é Israel? Se a unidade básica do pacto da graça pode ser estabelecida; se Abraão, por exemplo, e os gentios do Novo Testamento são um aos olhos de Deus; se Deus trata com Seu povo em todas as épocas de acordo com um mesmo princípio – fé, então o Pré-Milenismo cai, e pode somente ser chamado de um engenhoso mal-uso das Escrituras. Com aquele homem de Fé, Abraão, a quem os judeus orgulhosamente traçam sua ancestralidade, Deus estabeleceu Seu pacto eterno de graça. Gênesis 17:7. Esse pacto foi estabelecido mais adiante com a descendência de Abraão. Gênesis 22:17. O Senhor deixa claro que em Sua semente (Cristo) todas as nações da terra serão benditas. Gênesis 22:18. No livro de Gálatas, Paulo (o apóstolo dos gentios), toma o exemplo de Abraão quando repreende os insensatos gálatas por sua tentativa de justiça pelas obras. Ao deixar claro que Deus toma a fé em Cristo por justiça, o apóstolo fala estas maravilhosas palavras: “Sabei, pois, que os que são da fé são filhos de Abraão” (Gálatas 3:7). Mais tarde escreve: “Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se maldição por nós; porque está escrito: Maldito todo aquele que for pendurado no madeiro; para que a benção de Abraão chegasse aos gentios por Jesus Cristo”. Ele concluiu este capítulo com as palavras: “Não há judeu nem grego; não há servo nem livre; não há macho nem fêmea; porque todos vós sois um em Cristo Jesus. E, se sois de Cristo, então sois descendência de Abraão, e herdeiros conforme a promessa” (Gálatas 3:28-29). Pode alguém deixar de nota a unidade da obra de redenção de Deus? A semente de Abraão, o verdadeiro Israel espiritual, é composta de todos aqueles a quem foi dado fé em Seu Filho amado. Em íntima conexão com o acima exposto está o fato que Paulo também enfatizou a unidade da Igreja de todas as eras em passagens tais como Romanos 9:6-9, Efésios 2:19-22, Efésios 4:4-6 e Colossenses 1:16-20. O próprio Jesus como o Bom Pastor estava intensamente consciente da unidade daqueles que Deus lhe havia dado para redimir; Ele disse aos judeus no pórtico de Salomão: “Ainda tenho outras ovelhas que não são deste aprisco; também me convém agregar estas, e elas ouvirão a minha voz, e haverá um rebanho e um Pastor” (João 10:16).

Em segundo lugar, o texto mais referido pelos Pré-Milenistas, 1 Tessalonicenses 4:13-17, simplesmente não prova um “rapto” súbito e silencioso e uma ressurreição separada dos justos e ímpios. Em vez disso ensina: um retorno visível e notável (grito, voz, trombeta) de Cristo; a ressurreição dos corpos dos santos mortos seguida imediatamente pela translação daqueles que estiverem vivos na vinda de Cristo, sem dizer nada sobre os ímpios; que os santos estarão para sempre com o Senhor deles, sugerindo não que eles retornem a esta terra mundana novamente em seus corpos glorificados, espirituais e incorruptíveis, mas que eles permanecerão com Cristo em glória celestial! Além do mais, o próprio Cristo deixa claro que haverá apenas uma ressurreição: “Não vos maravilheis disto; porque vem a hora em que todos os que estão nos sepulcros ouvirão a sua voz. E os que fizeram o bem sairão para a ressurreição da vida; e os que fizeram o mal para a ressurreição da condenação” (João 5:28,29). As Escrituras revelam UMA segunda vinda de Cristo, UMA ressurreição em Sua vinda e UM julgamento.

O método de interpretação seguido pelos aderentes deste sistema é um defeituoso. Uma regra saída é que as passagens difíceis da Palavra, e certamente Apocalipse 20 o é, devem ser explicada à luz de textos mais simples. Contudo, alguém não pode escapar do sentimento de que com esta visão, uma teoria preconcebida é trazida à Escritura, passagens difíceis são apeladas como prova e então, se tenta fazer com que as passagens mais simples se encaixem com a teoria. O resultado é uma divisão violenta da Palavra e, portanto, da obra redentora de Deus! Sua Palavra é uma (apresentada em dois testamentos, profecia e cumprimento), e a redenção de Jesus Cristo é uma!

Positivamente, vivemos perto do fim do que Apocalipse chama de “mil anos”. Este milênio começou em Pentecostes e terminará quando o tempo e a história terminarem. Cristo retornará pessoalmente e visivelmente, chamará os mortos dos sepulcros e dos mares, julgará todos os homens de acordo com suas obras, e colocará Suas ovelhas num só rebanho, a casa celestial com muitas moradas! Que a verdade Reformada continue sendo proclamada que “o Filho de Deus reúne, protege e conserva, dentre todo o gênero humano, sua comunidade eleita para a vida eterna. Isto Ele fez por seu Espírito e sua Palavra, na unidade da verdadeira fé, desde o princípio do mundo até o fim” (Catecismo de Heidelberg, Domingo XXI). Benditos aqueles são membros vivos dela!

O Rev. Dale H. Kuiper é pastor da Igreja Protestante Reformada Sudeste em Grand Rapids, Michigan.
Traduzido por: Felipe Sabino de Araújo Neto
Fonte: Monergismo