segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Exegese Bíblica

A Visão Reformada dos Primeiros Capítulos de Gênesis

João Ricardo

O que há de tão especial neste assunto? O que este assunto significa para a igreja em nossos dias? É difícil para a teologia moderna considerar este assunto. Deixe-me sugerir porque penso que este assunto é realmente importante para nós hoje.
Primeiro porque tenho percebido que a nossa geração de teólogos modernos não se preocupa com o Antigo Testamento e consequentemente não refletem sobre este tema. Estamos ainda vivendo um período de incertezas quanto aos relatos do Gênesis.
A segunda razão é que a ciência e a teologia parecem ainda estar em conflitos permanentes, embora, considere que são alguns homens de ciência que estão em conflito com a Bíblia.
A terceira razão para este estudo é o fato de que os liberais ainda continuam exercendo certa dose de influência em muitos círculos acadêmicos de nossa época. Percebo isso pelo amplo acervo de livros de cunho liberal sendo publicados nestes últimos anos. E muitos estudantes de teologia conseguem absorver esse erro de forma mais fácil que a própria verdade, isso é compreensível, pois, é mais uma prova de que a depravação total é uma doutrina eminentemente bíblica.
A quarta razão para a existência deste estudo está no fato de que os primeiros capítulos do Gênesis são vistos como sendo uma visão mítica do povo judeu. Nada do que está registrado  nestes capítulos, segundo os eruditos pós-modernos, devem ser vistos como uma narrativa histórica e verdadeira, pois, segundo eles, são apenas mitos antigos.
Por que estudar isso? A minha última resposta seria que os primeiros capítulos do Gênesis são toda a base de uma teologia sadia. Só se pode teologar tendo como base estes primeiros capítulos do Gênesis. Este estudo é uma brevíssima introdução a este assunto tão cativante; e, por falta de espaço não vamos abordar tudo o que se conhece sobre isso, o meu desejo é que Deus use este estudo para que muitos possam apegar-se ao Antigo Testamento com afinco e vê-lo como Palavra Infalível e Inerrante Revelada por Deus.

I – A base da Revelação de Deus está nos primeiros capítulos de Gênesis

Precisamos levar em consideração tal assunto a respeito dos primeiros capítulos do Gênesis, isto porque toda a lei é, em última instância, a base da revelação de Deus. Há uma consideração peculiar que necessitamos fazer sobre este assunto. Quando olhamos para a figura da pirâmide acima vemos que a Lei está na base. E ao estar nesta posição não significa que ela seja inferior, mas significa que ela é essencial é necessária. Vivemos em uma época em que o dispensacionalismo[1] tem deflagrado uma guerra contra a Lei de Deus, e muitos evangélicos têm abraçado esta concepção. E talvez não considerem este assunto edificante e importante para a igreja moderna.
A questão que levantamos é a seguinte se a Lei é a base de toda a revelação de Deus, e se há algo nesta Lei que não é verdadeiro ou atual, então toda a revelação de Deus está condenada. Então, a Bíblia não pode ser confiável. Note bem, se dissermos que há certas partes na Bíblia que não é verdade, então não temos uma Bíblia – temos um livro qualquer sem nenhum valor.
Os eruditos do liberalismo teológico[2] acham que devem interpretar a Bíblia conforme as suas regras racionalistas, e pensam que devem conformar a Bíblia aos seus padrões puramente humanos.
Como devemos encarar os registros de Gênesis? Os liberais insistem em dizer que os relatos são puramente mitos antigos. Alguém pode dizer como? Será isso possível? A nossa resposta é um ressonante Não.
Os eruditos que adotam o método histórico-crítico defendem que o livro em questão é uma produção mítica onde o politeísmo primitivo de Israel é evidente, todavia, temos evidências contrárias a isso. Dois grandes eruditos em Antigo Testamento, que adotam o método histórico-crítico, disseram que “não existe em Israel nenhum mito que seja conhecido em sua totalidade ou por referência a ele. Parece que Israel não produziu nenhum mito, embora tivesse condições para isto, e não menos que os outros povos do Antigo Oriente”[3]. Então, tal perspectiva deve ser rejeitada.
A Lei é a base de tudo[4]. Por quê? Porque na concepção Reformada existe um progresso na revelação de Deus, e, este progresso tem como finalidade alcançar um clímax singular que é a Plena revelação de Cristo Jesus.
Dentro do processo revelacional podemos perceber que Deus vem se revelando ao longo da história como redentor de seu povo e que tem uma mensagem específica para este mesmo povo. Este processo pode ser visto da seguinte maneira:
Vemos assim um progresso onde o Novo Testamento é o clímax de toda a revelação de Deus que nasce em Gênesis. A lei é a base para o Novo Testamento. É exatamente isso que Cristo nos diz em Mateus 5.43-44. O ensino sobre o amor ao próximo não algo exclusivo do Novo Testamento, como alguns têm pensado, e nem é fruto do ensino de Cristo somente, mas este ensino encontra a sua raiz no Pentateuco no livro de Levítico 19.18.
Diante disso surge-nos uma outra questão: Quem deve interpretar o Antigo Testamento? Os liberais? Os conservadores? Os neo-ortodoxos? A resposta para isso é que a verdadeira e correta interpretação do Antigo Testamento é o Novo Testamento. O principio reformado de interpretação é “a Escritura interpreta a própria Escritura”[5]. Vejamos alguns exemplos:
Gênesis 12.1-3 Gálatas 3.5-8.
Romanos 1.16-17 Habacuque 2.4; Gênesis 15.6.
Essa deve ser a nossa regra de hermenêutica com relação aos primeiros capítulos de Gênesis como de toda a Bíblia. No Gênesis temos todas as verdades de Deus concernentes a salvação dos homens pecadores. Se tudo começa lá como podemos negar a veracidade do que ali está registrado?

II – O registro da Lei é Confessional ou Revelacional?

Alguns eruditos modernos declaram que o “Gênesis é um livro confessional, mas não é um livro que expõe a realidade”. O que isso significa? O que se deve entender por revelação confessional? É aquela compreensão de que os primeiros relatos do livro do Gênesis são mais uma forma com a qual o homem decidiu contar as origens de todas as coisas. Como os babilônios tinham a sua cosmologia (sua visão de como o mundo foi criado), como os egípcios, os gregos com os seus mitos; do mesmo modo, os judeus decidiram contar como ele vêem a criação, de sorte que o muito do que está registrado no Gênesis – principalmente o relato de Gênesis 1[6] - tem um forte paralelo com os mitos babilônicos e isso significa que os judeus adaptaram esses mitos (que supostamente são mais antigos que os relatos bíblicos do Gênesis), e assim, a sua crença de como o mundo foi criado.
Qual é a implicação disso? Isso significa que os registros do Gênesis não são o que de fato de Deus revelou, mas são crenças peculiares de um povo. Todavia, o entendimento reformado sobre essa questão é que os atos registrados em todo o Antigo Testamento são revelacionais em sua composição. O simples ato da criação é revelacional: Veja Romanos 1.18-20.
Todos os atributos apontam para a manifestação do caráter do criador. Quando se fala do “poder de Deus” aqui se testifica que apenas um ser poderoso poderia criar o mundo como o concebemos.
E o termo “sua divindade” é usado no texto para indicar a natureza divina, pois, o termo grego “theiotes” aponta para a revelação do próprio ser de  Deus. Esta linguagem paulina encontra apoio no texto de Salmos 19.1-4.
O que faz os céus? “proclamam a glória de Deus”, o verbo proclamar no hebraico é “mesaperim”. Este verbo tem o sentido de “narrar”, “contar com exatidão”, “revelar”, “pregar”, “ser selecionado e destinado para contar algo”. A criação é o canal no qual Deus se apresenta diante dos homens como sendo o criador de tudo o que existe. Neste sentido podemos dizer, sem sombra de dúvida, que a criação é puramente revelacional. Ela não está vinculada a uma crença peculiar do judaísmo sobre a origem de todas as coisas. Antes de tudo é a própria revelação de Deus.
Por que é importante refletirmos sobre isso? É porque toda a nossa teologia depende de como nós encaramos os primeiros registros de Gênesis. Uma teologia que não leva em consideração a historicidade dos registros de Gênesis não deve ser chamada adequadamente de teologia.

III – Considerando algumas passagens no Gênesis

Estudando o livro do Gênesis percebemos grandes verdades que estão contidas ali. Nos mitos babilônios e egípcios temos uma criação realizada ou feita sem algum propósito, a criação do mundo é resultado de intrigas entres os seres divinizados.
Mas no relato do Gênesis há uma harmonia entre as Pessoas da Trindade que decidiram criar o mundo. No primeiro capítulo temos Deus criando tudo para ser habitado. Veja abaixo:
Os Céus para os corpos celestes:
Sol, Lua, Estrelas.
Os mares são criados para a habitação dos seres marinhos:
Peixes, algas, todos os que são aquáticos.
A terra é a habitação do homem:
O homem deve gerar filhos para povoar a terra
Os filhos que o homem deve trazer a existência, por meio da geração, devem adorar a Deus. A terra deve ser povoada por uma geração santa que viverá para a glória de Deus. A criação, como um todo, deve glorificar a Deus.
Mas há algo fundamental em Gênesis 1 é o fato de que a criação aos olhos do Criador é muito boa. Nada é imperfeito. Tudo tem o seu lugar no mundo criado por Deus. Há uma ordem no cosmos. Essa exatidão do registro bíblico incomoda alguns homens de ciências. Incomoda particularmente os evolucionistas, pois, eles alegam que tudo no início era um caos e ficou tudo em ordem, e não o contrário. Eles não aceitam o relato de Gênesis porque tal relato contradiz a “teoria da evolução”, o texto do Gênesis revela a impotência e a fragilidade da evolução. Pois, neste mesmo livro vemos a degeneração do homem, ou seja, a ordem tornando-se desordem é um conceito contrário ao da evolução. Isto significa que o simples não gera o complexo. Tudo foi criado na mais perfeita harmonia, mas o homem pecou contra Deus e trouxe a desordem sobre o universo.
Outra verdade que precisamos considerar no relato de Gênesis é o fato de que há três mandados divinos[7] para a criatura que fizera. Estes mandados perduram até o dia de hoje e isto significa que tais capítulos são narrativas históricas e verdadeiras. Quais são estes mandados? Vejamos:
1 – O Mandado Cultural: Se fizermos uma comparação entre Gênesis 2.15 e 1.26,28 perceberemos no que consiste este mandato. A base da cultura estava ali presente, ou seja, tudo o que uma cultura precisa para existir está presente aqui:
  1. O Trabalho: “Adão deveria cultivar o Jardim”. Isto nos ensina que o trabalho não um resultado da queda como muitos têm pregado e ensinado em nossos dias; comer com o suor do teu rosto mostra que o trabalho depois da queda tornou-se algo fatigante, duro e espinhoso. O trabalho é um mandado de Deus ao homem.
  2. O exercício do Governo: O homem reflete a imagem de Deus na criação, e tem sido considerado como vice-regente do mundo. A posição real[8] de Adão neste mundo aponta para o princípio do governo, a idéia de domínio aqui não é de exploração, mas aqui está implícito o princípio da mordomia. Governar não é pecaminoso, mas é honroso – Deus criou Adão com o propósito de governar o mundo.
2- O Mandado Social: Agora chamamos a atenção do leitor para Gênesis 2.21-24 é aqui onde temos o nascedouro da sociedade. Temos a estrutura familiar estabelecida. A família é ordenada em termos de um desapegar-se e unir-se a outrem. Note como Gênesis coloca as coisas:
  1. A criação da mulher tem como objetivo evitar a solidão de Adão. O princípio extraído aqui é que o homem não é uma ilha, isolada, sozinha sem relação com outros. O companheirismo é algo que Deus prima em sua criação – o casamento não deve ser uma prisão para os solteiros, mas a liberdade da amizade e cumplicidade matrimonial.
  2. Que esta relação é heterossexual. Aqui tem sido condenado o homossexualismo de forma muito clara. Adão se une a sua mulher. E não a outro homem, nem mesmo uma mulher se une a outra. Mas o que está escrito é que “macho e fêmea”.
  3. É uma relação monogâmica. Não temos aqui nenhuma indicação de que o homem deveria ter mais de uma esposa, e nem a mulher mais de um esposo. Não há espaço para a poligamia. Deus dá um extremo valor para com a família. E com isso está nos dizendo que a sociedade deve valorizá-la porque somente assim a sociedade pode ser sólida neste mundo.
3 – O Mandado Espiritual: Vamos considerar Gênesis 2.16-17. Aqui somos introduzidos ao conceito de relação entre o homem e Deus por meio de um pacto[9]. Deus é visto como sendo o Soberano (como de fato Ele o é) que exige do homem uma observância das estipulações pactuais. Vejamos o que está envolvido neste mandado espiritual:
  1. A comunicação: Adão falava com Deus (Gn 3.8-10). Havia uma comunicação entre a criatura com o Criador. A própria ordem de Deus para não comer da árvore aponta para esta comunicação.
  2. A Obediência a uma ordem: Em Gênesis 2.16 tem a expressão “deu esta ordem” exige de Adão uma obediência e uma conformidade para com a Lei de Deus expressa no pacto. O pacto envolvia vida e morte. O certamente “morrerás” no versículo seguinte indica que a vida e morte se relacionavam com o pacto[10]. Por isso, exigia-se da parte que estava pactuando com Deus (no caso Adão) uma obediência inteira, exata e perpetua.  
  3. Adoração: O mandado espiritual envolve a questão da adoração oferecida ao criador. No inicio de tudo já podemos dizer isso. Em Gênesis 2.1-3 indica que Deus cria o sábado para ser o dia de adoração, este sábado é um memorial da criação de Deus. O sábado é instituído como dia de culto onde Adão e sua família deveria se deleitar.
Isto pode ser demonstrado pelo uso da anologia da fé. Em Êxodo 20.8-11 temos a expressão “Lembra-te”. Do quê? Do dia de sábado para o santificar, o uso do verbo “lembrar” aqui nos reporta para Gênesis 2.1-3. Isso porque o sétimo dia da semana está vinculado aos seis dias da criação, logo, Adão adorava no mesmo dia que o povo da aliança – no sábado do Senhor. Mas por que dizemos isso? Porque Hebreus 4.10 nos indica isso de forma muito clara. A interpretação pode ser a seguinte:
É necessário notar que todos os mandados foram dados antes da queda de Adão e Eva no pecado. Isto nos diz que eles são permanentes até o dia de hoje e não podem ser negligenciados.
Consideremos agora de forma rápida Gênesis capítulo 3. A questão fundamental a ser tratada é se a serpente é literal ou não. Como interpretar este capítulo? Três propostas são oferecidas:
  1. Simbolicamente.
  2. Literalmente.
  3. Alegoricamente.
Estas são três correntes de interpretação mais usadas em nossos dias. Como interpretar? Se adotarmos o princípio do simbolismo, iremos cair no erro de que o texto do Gênesis é confessional – como já vimos acima o texto não pode ser confessional. Se adotarmos o princípio alegórico, vamos transformar os relatos de Gênesis em puros mitos ou sagas, e assim, teremos umas estórias sem significados. Portanto, nosso entendimento é que a melhor forma de interpretar este capítulo é literalmente. Este capítulo pode ser dividido em três seções básicas para um entendimento geral:
           
A) O JUÍZO NO ÉDEN: O pecado de Adão e Eva tenta ocultar os atributos de Deus que a própria criação revela. Adão deseja ser igual a Deus (vs.5). Vejamos o resultado disso tudo:
  1. A expulsão do Jardim vs.23
  2. A separação do seu Criador vs.9-11
  3. A serpente é culpada vs 14
  4. A derrota certa de Satanás vs.15
B) A MISERICÓRDIA DE DEUS NO ÉDEN: O que era para acontecer com Adão e sua esposa? Adão deveria ser fulminado no momento em que pecou, deveria ser morto. Pois, ele pecou contra o Deus Supremo.
1. Deus poderia ter feito com que Eva ficasse estéril, mas disse que Ela teria filhos só que com muitas dores. O ter filhos era um sinal de que haveria esperança de restauração (vs.16)
2. O homem e o trabalho tinham uma relação de dureza agora vs 17-19,  Deus poderia ter tirado os meios com os quais Adão  pudesse extrair o seu pão, mas Deus que é rico em misericórdia não o fez.
           
C) A GRAÇA DE DEUS NO ÉDEN: Adão foi salvo? Esta pergunta tem sido pertinente a um estudo acurado sobre Gênesis capítulo 3. Olhando para os versículos 14-15 deste texto. O entendimento da Teologia Reformada, por ser uma teologia pactual, é que Adão e Eva foram salvos pela graça de Deus manifestada no Éden; Ele creu no proto-evangelho que lhe foi anunciado por Deus. No versículo 15 Deus anuncia que haverá um grande conflito neste mundo de duas descendências – a descendência de Deus e a descendência do diabo – que nascem de uma única raiz, Eva (mãe de todos os seres viventes).
Deus diz que no meio desse conflito haverá um descendente que irá resolver o problema do pecado na raça humana, haverá um resgatador. A mensagem escatológica deste capítulo é puramente messiânica. No contexto de morte vemos continuamente a vida. Adão contempla, pela fé, o seu redentor – Cristo!
Considere o capítulo 4.1 temos a expressão “com auxilio do SENHOR”. A palavra “auxílio” no hebraico pode ser “yeshu’ar” que significa ‘ajuda’, ‘salvação’, ‘assistência’. Ou poderia ser a palavra “ezer” que significa “ajudar”, “auxiliar” ou “socorrer”, todavia, no hebraico a palavra “auxílio” não aparece neste texto. Aqui foi mais uma interpretação dos tradutores para oferecer sentido à expressão. A força do hebraico é “adquirir um varão da parte do SENHOR”. Aqui parece indicar que Adão e Eva estavam desejosos pelo redentor prometido. O nascimento de cada filho tornou-se a esperança da vida. “Será que é agora  que o redentor há de nos restaurar”, será “agora que ele trará paz ao mundo”? Todas estas indagações estavam centradas em Caim.
Mas, Abel também nasce (vs 2). O texto nos informa a respeito da morte de Abel por parte de Caim. Por que isso? O versículo 8 nos oferece alguma explicação. Neste mundo há duas descendências e Caim pertence ao Maligno (1 Jo 3.8). O conflito no mundo está declarado desde o Éden. Neste mundo existem os que vão crer em Cristo, e os que vão rejeitar a Cristo e se levantarão contra Ele.
No capítulo 5 temos as toledotes de Adão. Os filhos de Adão são contemplados como carregando a imagem de Adão e não a de Deus, isto para denotar a idéia singular da queda. Notamos que Caim não entra na Genealogia. Isso é muito lógico como já explicamos acima. Mas, Abel também não entra. Por quê? A resposta é que Sete é o novo Abel de Adão. A garantida de que a semente santa continuaria existindo neste mundo estava sobre os lombos de Sete.
No capítulo 6 vemos as causas do dilúvio sendo apresentadas. O pecado da raça humana e a degeneração do homem é a temática deste capítulo.  Mas a questão é quem são os filhos de Deus no texto?Alguns dizem que se refere aos anjos. Mas o entendimento reformado é que aqui temos uma referência aos filhos de Sete que se relacionaram com mulheres que não pertenciam à aliança de Deus. O curioso neste texto é processo do pecado destes homens, pois, o padrão é o mesmo que o da queda em Gênesis 3, isso nos leva ao início da desordem deste mundo.
  1. “vendo” (Gn 6.2; 3.6)
  2. “formosas” este termo no hebraico é “Tovoth” que é o mesmo que “bom” (Gn 6.2;3.6)
  3. “Tomaram para si” (Gn 6.2; 3.6)
  4. “as que lhes agradaram” (Gn 6.2; 3.6. – Agradável aos olhos).

Conclusão

Este breve estudo nos mostrou a importância dos primeiros capítulos do Gênesis para se ter uma teologia sólida e coesa com a fé bíblica. Sem estes capítulos, que devem ser considerados como históricos e fidedignos, não teremos como e porque pregar o evangelho. A base do Novo Testamento tem sido a Thorá de Deus dada ao homem, e uma vez negada a sua legitimidade e autenticidade termos sérias dificuldades em apresentar o evangelho de forma poderosa e eficaz à nossa sociedade.
É nossa convicção particular que o Livro do Gênesis fala de fato das origens de como tudo aconteceu e neste livro encontramos a explicação da queda, a razão da cruz, o propósito do evangelho e a missão da igreja. Tudo está aqui bastar crermos no que nos foi revelado por Deus.

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Sobre o autor:
João Ricardo Ferreira de França é colunista do site Eleitos de Deus. É bacharel em Teologia pelo Seminário Presbiteriano do Norte (SPN) em Recife/PE. É coordenador do departamento de Teologia Exegética do Antigo e Novo Testamento no Seminário Presbiteriano Fundamentalista do Brasil (SPFB) em Recife/PE. Atualmente lidera a Primeira Igreja Presbiteriana em São Raimundo Nonato – PI.

Extraído do site: http://www.eleitosdedeus.org

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