segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Excluído da Igreja por ser calvinista!!


Pergunta enviada por uma leitora de nosso blog, membra das Assembléias de Deus, e que teve um amigo excluído por sua fé reformada:

"...faz mais ou menos um mês que um amigo meu de Santa Catarina me disse sobre o Calvinismo (o mesmo até foi expulso de sua própria igreja por ser calvinista),mas enfim,custou um pouco para eu compreender,mas até que compreendi um pouco.Mas eu quero por favor te pedir para me explicar de uma forma simples e correta,as diferenças do Calvinismo e do Arminianismo..."
Olá, irmã B..., paz de Cristo!

A perseguição contra o Calvinismo, infelizmente, é bem comum, especialmente nos círculos pentecostais, onde vivemos. Mas, nunca vi nada tão extremo como uma exclusão. 

Acredito que boa parte do preconceito contra nossa confissão de fé, advém da falta de conhecimento da nossa doutrina. Por exemplo, já perdi a conta de quantas vezes em pregações, ou na EBD, ouvi gente 'descer a lenha' no Calvinismo, pois, segundo alegam, seria nosso ensino favorável a uma vida cristã licenciosa, sem compromisso; em outras palavras, imaginam o Calvinismo como sendo um "carta branca" para o eleito pecar!

Tal confusão é até compreensível, mas não desculpável. É compreensível, pois eles se confundem com um dos nosso Cinco Pontos; estou falando, daquele que fala sobre a Perseverança do Santos, que deu origem ao adágio popular "Uma vez salvo, salvo para sempre". Eles interpretam errado esta doutrina, como se a mesma afirmasse que o eleito será salvo ainda que viva de modo completamente dissoluto, e apartado da Lei do Senhor. Que engano!

Há  um grave equivoco teológico neste preconceito: a expressão perseverança dos santos, por si só, já indica que o Calvinismo acredita que os eleitos perseverarão até o fim! Perseverar tem haver com manter-se no caminho, e não com apostatar-se e ainda ser salvo! Mas, eles se confundem, e não podem ser desculpados muito facilmente, já que bastaria consultar confissões de fé reformadas, como a Westminister, por exemplo, para desfazer-se de tal compreensão enganosa.

Agora, sobre a diferença entre o sistema Arminiano e o Calvinista, eu lhe sugiro pensar em outras duas palavras, ainda mais complicadas que estas duas. Parece extranho tentar explicar termos difíceis, e suas relações, apelando para termos ainda mais difíceis, riso. Mas, estou certo de que a irmã conseguirá acompanhar o raciocínio, e poderá até abrir ainda mais a sua jornada pelo fascinante mundo da Teologia. Anote dois termos em seu vocabulário: "Sinergismo" e "monergismo".

Vamos a algumas breves explicações.

Sinergismo - a irmã certamente já ouviu falar em Sinergia. Ela é muito utilizada para as relações entre líderes e suas equipes no ambiente profissional. Não é o único uso, mas este nos serve de ilustração. Sinergia seria a interação das partes, que cooperam entre si, cada um auxiliando a outra, fazendo sua parte, a fim de obter um fim comum. Na Teologia, descreve-se o Arminianismo como ensinando uma Salvação Sinergista. 

Ou seja, para o Arminianismo, ser salvo depende das ações de duas partes, Deus e Homem. Deus quer salvar todos, mas salvará apenas aqueles que cooperarem com sua Graça. No sistema Arminiano, a salvação depende das obras humanas: crer, perseverar, mortificar a carne, enfim. É, por isso, também descrita como um tipo de Teologia da Retribuição: eu quero algo de Deus, mas Deus apenas faria tal por mim, se eu lhe agrado primeiro. Deus me retribui, tendo por base as minhas ações (obras).

Monergismo - aqui temos exatamente o oposto do Sinergismo. Trata-se da crença em um Deus que é Soberano sobre tudo, e todos. Tudo e todos mesmo, incluindo a vontade humana, e a salvação dos homens. 

Deus, então, não tentou salvar um homem chamado Marcelo Lemos - Deus o salvou, na Cruz; e quando chegou o devido tempo - também definido por Deus - Ele chamou este pecador, por meio da pregação; o tem santificado dia após dia, pelos meios da graça; e o conduzirá em segurança para o céu. 

Eu, Marcelo, respondi, e respondo, positivamente a tal chamado; porém, não por minhas próprias forças, méritos e capacidades pessoais. Minha respota, e a sua, nasce sempre da própria Graça de Deus, que me dá vida!

"E vos vivificou, estando vós mortos em ofensas e pecados, em que noutro tempo andastes segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe das potestades do ar, do espírito que agora opera nos filhos da desobediência.
Entre os quais todos nós também antes andávamos nos desejos da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e éramos por natureza filhos da ira, como os outros também. Mas Deus, que é riquíssimo em misericórdia, pelo seu muito amor com que nos amou, estando nós ainda mortos em nossas ofensas, nos vivificou juntamente com Cristo (pela graça sois salvos), e nos ressuscitou juntamente com ele e nos fez assentar nos lugares celestiais, em Cristo Jesus; para mostrar nos séculos vindouros as abundantes riquezas da sua graça pela sua benignidade para conosco em Cristo Jesus. Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus" - Efésios 2.1-8.
Neste texto, Paulo fala que aqueles que agora são salvos, antes de o serem, eram exatamente iguais aos não salvos. Não havia nenhuma diferença entre mim e o meu vizinho incrédulo, assim como ele, eu estava "morto em delitos e pecados", completamente incapaz de mudar o curso da minha História, e escapar do Inferno inevitável. Tudo que eu sabia fazer, assim como os demais, era estar a serviço da minha Natureza Pecaminosa, que era o meu senhor: "...noutro tempo andastes segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe das potestades do ar, do espírito que agora opera nos filhos da desobediência.Entre os quais todos nós também antes andávamos nos desejos da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e éramos por natureza filhos da ira, como os outros também".
Ora, mas se era este o meu antigo estado moral e espiritual, e se era tamanha a minha incapacidade de mudar, e torna-me aceitável a Deus, como é possível que eu seja, hoje, um novo homem? Os Arminianos - SINERGISTAS - responderam que, de algum modo, eu fiz o que era certo ao ouvir a Pregação do Evangelho! 
É uma resposta agradável ao nosso ego, todavia,  as Escrituras dizem que única razão que me fez diferente, é a Graça Soberana de Deus: 
"... Mas Deus, que é riquíssimo em misericórdia, pelo seu muito amor com que nos amou, estando nós ainda mortos em nossas ofensas, nos vivificou juntamente com Cristo (pela graça sois salvos), e nos ressuscitou juntamente com ele e nos fez assentar nos lugares celestiais, em Cristo Jesus; para mostrar nos séculos vindouros as abundantes riquezas da sua graça pela sua benignidade para conosco em Cristo Jesus. Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus".
Eis a diferença principal entre estes dois sistemas de Teologia: o Arminianismo prega um Deus que quer salvar, mas não pode fazê-lo efetivamente, até que o homem coopere com Sua Graça (sinergismo). O Calvinismo, por sua vez, ensina que Deus salva, por Graça, aqueles que nada podem fazer por sua salvação pessoal, mas que foram amados com Seu amor eletivo. Os salvos, que nada podiam fazer, foram regenerados, santificados e preservados por Deus (monergismo).
Espero ter respondido; mas fique a vontade para enviar outras dúvidas, ou sugestões.

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