segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

FORMA DE GOVERNO

Batistas, presbiterianos, assembleianos, episcopais... Quem tem o melhor governo?

Por Antônio Carlos Costa

Quais são os principais sistemas de governo eclesiástico e quais são as suas características?

Existem três formas de governo eclesiástico: o episcopal, o presbiteriano e o congregacional. O primeiro pode ser visto no sistema de governo das igrejas Metodista e Anglicana. O segundo, na igreja Presbiteriana, e o terceiro, nas igrejas Batista e Congregacional.

O que os difere? O sistema de governo episcopal - palavra que deve sua etimologia ao grego, "episcopos", que significa superintende, traduzida para o português pela palavra bispo - tem como característica um maior peso posto sobre a pessoa do bispo-, que o permite governar a igreja com um grande nível de independência, tanto em relação aos membros da igreja, quanto em relação aos demais pastores. Sua decisão é soberana. Na igreja Metodista, por exemplo, um bispo pode remover o pastor da igreja local, livremente, sem consultar a assembléia.

O modelo episcopal foi levado ao seu extremo no sistema de governo da Igreja Católica, que poderíamos chamar de episcopal-monárquico. A autoridade que o Papa exercer sobre a igreja não tem paralelo na história do cristianismo.

O sistema presbiteriano é um sistema de presbíteros. A vida da igreja é conduzida por presbíteros eleitos, que através de concílios, zelam pela vida espiritual da igreja. O bispo, na igreja metodista, é eleito pelo colégio episcopal, porém, uma vez eleito, goza de uma autoridade que o pastor presbiteriano não conhece nem de longe.

O sistema congregacional é o mais democrático de todos. As decisões são tomadas em assembléias. A igreja é convidada a opinar sobre tudo. O pastor, que no sistema presbiteriano, depende do ponto de vista dos seus pares para decidir, que no sistema episcopal depende da decisão do bispo, no sistema de governo congregacional, fica bastante à mercê da membresia da igreja.

Logo, percebe-se, que o sistema episcopal é mais ágil, o presbiteriano, mais lento do que o episcopal, e o congregacional, o mais lento de todos. O primeiro, lembra a monarquia, o segundo, o parlamentarismo democrático,e o terceiro, a democracia plena não representativa.

O sistema episcopal dá poder demais ao ser humano. Se o bispo for mau caráter, o estrago será imenso e mais difícil de ser corrigido. O presbiteriano, faz o pastor depender no processo decisório, do ponto de vista de presbíteros que não trabalham de tempo integral, não tem formação em teologia, não vivem a vida da igreja na mesma extensão da autoridade de que gozam. O sistema congregacional é lento, leva problemas da igreja para pessoas que não têm maturidade para resolvê-los, e corre o risco de atribuir a Deus a voz do povo -o que nem sempre acontece.

Os três funcionariam muito bem se todos fôssemos bons. Um bispo santo, um conselho de presbíteros consagrados a Deus e uma congregação piedosa, tornariam a vida da igreja uma maravilha. Contudo, não somos perfeitos. Por isso, devemos procurar saber qual desse três sistemas de governo é o que mais se ajusta as demandas da natureza parcialmente santa da igreja. Não apenas isso, mas temos que saber também qual deles vemos presente nas páginas das Sagradas Escrituras.

Esse questão não é fácil. Todos os membros das referidas igrejas vão procurar apresentar base bíblica para o seu sistema de governo. Essa é uma questão de difícil decisão, e ao mesmo tempo periférica, pois não toca na essência do cristianismo. Há santos na igreja Metodista - John Wesley-, há santos na igreja Presbiteriana -John Knox-, e há santos nas igrejas congregacionais -Martin Lloyd-Jones.

Ousarei me posicionar. Minha resposta, para estar à altura de tema tão polêmico, demandaria um livro. Contudo, permita-me dizer porque julgo o presbiteriano o mais bíblico.

Primeiro, ele é o que melhor se ajusta às necessidades impostas pela natureza humana. Ele é mais equilibrado. Não coloca muita carga sobre os ombros de um ser humano caído (episcopal) e não leva assunto sério para gente que não está preparada para lidar com ele (congregacional). Não é tão rápido como o episcopal -"a pressa excessiva conduz à pobreza"-, e, não tão lento quanto o congregacional -tem hora que a decisão tem que vir de modo rápido.

O sistema presbiteriano pode ser facilmente encontrado na Bíblia. Nas Escrituras Sagradas vemos a liderança da igreja local sendo eleita, e uns poucos homens exercendo superintendência sobre um grupo maior de cristãos.

O problema com o presbiterianismo no mundo, tem a ver com a autoridade que é posta sobre homens que não tem preparo teológico; ao mesmo tempo, incapazes de pregar ou ensinar, e que não devotam à igreja a quantidade de atenção que precisam dedicar a fim de que fosse justificada a autoridade de que gozam. O ideal seria que só fosse presbítero quem fosse capaz de pregar e tivesse vida intensa com a igreja.

Em suma, Deus tem usado as três formas de governo. A história dos Estado Unidos (que passou por dois grandes despertamentos espirituais), por exemplo, mostra que todas essas igrejas podem ser igualmente usadas por Deus: o primeiro avivamento foi calvinista e originado entre presbiterianos e congregacionais (há congregacionais, calvinistas na teologia, embora não o sejam na forma de governo). Já o segundo grande despertamento, foi arminiano e originado entre metodistas e batista.

Gostaria de fazer duas ressalvas, apesar de haver manifestado minha simpatia pela forma de governo presbiteriana: amigos, que desperdício nos dividirmos por ninharia. Como o homem é mais importante do que a forma de governo. Se o homem for santo, a graça haverá de ser derramada sobre o bispo, o concílo e a assembléia.

Rev. Antônio Carlos Costa é pastor da Igreja Presbiteriana da Barra e presidente do Rio de Paz

Fonte: O Observador Cristão

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