Tá na Briba!
Tá na briba!
Estávamos retornando da Escola Secundária, eu e mais duas adolescentes. Nem preciso dizer que faz um tempinho isso... No caminho, nos sentamos no meio-fio junto a uma praça, conversando sobre algumas manias de “crente”.
Elas perguntavam, eu tentava responder. Queriam saber os motivos que levavam os crentes a viverem sob estreitas listas de “pode não pode”. Nada sobre moral, as dúvidas giravam em torno de usos e costumes.
Dentro das minhas possibilidades de juvenil, eu ia tentando responder com as Escrituras. Felizmente, ao contrário do meu marido, o ambiente onde fui criado não era tão fechado. Porém, enquanto eu ainda esboçava as explicações, algo inusitado nos acontece.
Vindo sabe-se lá de onde, eis que se materializa diante de nós a figura de um Fariseu. Fariseu e meio louco. Acho que ele sabia que eu era a “crente” da turma, pois foi chegando aos gritos: “Vocês vão para o Inferno! Mulher usando calça! Isso é pecado!”.
Aquele episódio ficou gravado para sempre na minha memória; seja pelo inusitado da coisa, seja pela total incapacidade daquele senhor em me provar, com as Escrituras, que suas acusações eram verdadeiras. Sim, pois mesmo tendo apenas 14 anos, não deixei de jogar pimenta no olho do Fariseu!
Questionei sobre a base bíblia para tal proibição, e também sobre o fundamento de se colocar as vestimentas como uma condição para a Vida Eterna. Tudo que ele sabia responder, era repetir feito um papagaio: “Tá na Bíblia! Tá na Bíblia!”.
Depois do episódio, me dei conta de aquele senhor estava sempre por perto, residindo no mesmo bairro que minha família; porém, nunca mais me incomodou com seu manual de vestimentas.
Meirelene Lemos Gonçalves
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