quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Calvinismo Em Foco



“A alma cristã não deve colocar seus olhos nos méritos de suas obras, como um refúgio de salvação, antes deve repousar totalmente na promessa gratuita da justificação” (João Calvino). 
“Acho então esta lei em mim, que, quando quero fazer o bem, o mal está comigo. Porque, segundo o homem interior, tenho prazer na Lei de Deus; mas vejo em meus membros outra lei, que batalha contra a lei do meu entendimento, e me prende debaixo da lei do pecado que está nos meus membros. Miserável homem que sou! Quem me livrará do corpo dessa morte? Dou graças a Deus por Jesus Cristo, nosso Senhor!” (ROMANOS 7.21-14a).

Por Marcelo Lemos

Pergunta enviada por leitor: “... afirmamos como calvinistas que os eleitos serão salvos... também defendemos a certeza da salvação...  Clark pinock: foi um crente fiel durante muitos anos, e creio que ele tinha em si a certeza da salvação;porem... ele se apostatou em diversas partes da doutrina bíblica, como é o caso da inerrancia bíblica e o teísmo aberto. Pergunto: como podemos defender a certeza da salvação se cremos que quem persevera até o fim, esse sim é o eleito? O que dizer das pessoas que realmente dizer ter se sentido salvo? Se dissermos que foi enganado pelos próprios sentimentos, quem garante que nos não estamos enganados também?” - Vinício Alves, do blog A Verdade Verdadeira.

Caro irmão Vinícius, a sua questão é, no meu entender, simplesmente perfeita. Recentemente republicamos um texto que fala de tema semelhante, mas não tão específico – podem conferir aqui. É de impressionar o fato de muitos calvinistas não se darem conta deste problema, eu mesmo custei a percebê-lo em sua inteireza, e com todas suas implicações práticas. Por isso, quando me perguntam: “Você considera o Calvinismo perfeito?”, me vejo obrigado a responder, a contra gosto, negativamente. Na verdade, não creio se tratar de um problema da doutrina calvinista em si, mas dos desdobramentos que acabou tendo, devido especialmente a influencia puritana. Mas, como o entendimento puritano é popularmente tido como ' o calvinismo', afirmo que não é um sistema teológico tão perfeito quanto parece.

Aproveito para dar um puxão de orelha em meus companheiros calvinistas – o calvinismo é um sistema teológico biblicamente consistente e imbatível em termos de argumentação lógica, e com isso, facilmente reduzimos a nada as objeções que se levantam. Entretanto, basta que um oponente tenha o treinamento lógico necessário, para que possa apontar o quanto nossa teologia pode se tornar inconsistente quando entramos no campo da segurança da salvação. Este é o tema do artigo de hoje.

Calvinistas acusam arminianos de não possuírem certeza de salvação, todavia, em termos meramente práticos, nem todo calvinista tem o direito de fazer tal acusação, sem que com isso não esteja acusando a si mesmo. O caso é muito simples: tendo em vista que muitos de nós usamos a santificação pessoal como “padrão aferidor” da Eleição, e que nenhum ser humano jamais foi capaz de cumprir integralmente a vontade de Cristo, destrói-se completamente qualquer pretensão de segurança. Em termos mais claros: ainda que a Eleição seja fato, isso não implica que a pessoa tenha como ter certeza de  ser um eleito.

Não é de hoje que alguns estudiosos acusam os puritanos por este problema. Em uma afirmação um tanto pesada, mas coerente, chega-se a dizer que os Reformadores mataram o Diabo, acusador dos irmãos, mas o puritanismo o teria ressuscitado. O grande avanço da Reforma foi convidar os homens a tirarem os olhos de si mesmos, de seus méritos e deméritos, e fitá-los exclusivamente no Cristo. Foi o grito da justificação pela fé somente. Os homens foram exortados a não confiarem mais em suas obras, mas exclusivamente nos méritos e nas promessas de Cristo. Calvino, por exemplo, escreveu:

“As Escrituras nos ensinam que, desapegando-nos de nossas obras, ponhamos nossos olhos unicamente na misericórdia de Deus e na perfeição de Cristo... e, sendo regenerado pelo Espírito Santo, (o cristão) jamais coloca sua confiança nas boas obras que faz, antes está plenamente seguro de que sua perpetua justiça consiste unicamente na Justiça de Cristo” (INSTITUTAS, Livro III, Capítulo XI, 16).

Uma das objeções que Calvino confessa ter ouvido contra a Doutrina da Eleição era justamente esta: que o cristão não tem como saber se irá perseverar ou não, de modo que não pode ter certeza de coisa alguma. Contra tal objeção Calvino invoca o texto de Romanos 8.38-39, comentando:

“Verdade que o Apóstolo, em outro lugar, nos coloca de sobreaviso, recordando-nos nossa debilidade e inconstância: “o que pensa estar firme, cuide que não caia” (I CORÍNTIOS 10.12). Isto é verdade. Porém, ele não se refere a um temor que nos faça desmaiar ou perder o animo, mas sim, de um temor em virtude do qual aprendemos a nos humilhar debaixo da poderosa mão de Deus, como declara S. Pedro (I Ped. 5.6). Ademais, que disparate seria desejar limitar por um momento a certeza da fé, quando a natureza da mesma é superar a vida presente e alcançar a imortalidade futura!” (INSTUTUTAS, Livro III, Capítulo II, 40).

Com isso, não estamos dizendo que Calvino escreva contra o auto exame, tão pouco nós assim procedemos, mas sim que Calvino não via em tal exame o lugar onde encontramos nossa certeza de salvação: “Ainda que os santos muitas vezes se confirmam e consolam trazendo a memória sua inocência e integridade, isto ocorre por um destes motivos: ou porque ao comparar sua boa causa com a maldade dos ímpios sentem a segurança da vitória, nem tanto pelo valor e estima de sua justiça, mas porque assim merece a iniquidade de seus inimigos; ou também, quando apresentando a si mesmos perante Deus, sem se compararem com os demais, recebem certo consolo e confiança, que provém da boa consciência que possuem” (INSTITUTAS, Livro III, Capítulo XIV, 18).

Nas duas últimas citações, observamos que Calvino, com efeito, não era contra o auto exame, e nele via ao menos duas utilidades: primeiro, o auto exame evita que sejamos presunçosos e auto confiantes diante de Deus, e segundo, nos concede algum grau de consolo e alegria. Mas o auto exame jamais é apresentado como fonte de segurança de salvação. E mesmo assim,  os benefícios do auto exame são sempre apresentados como relativos, nunca nos fornecendo uma prova cabal de qualquer coisa, haja vista jamais deixarmos de pecar. Por isso, a enfase puritana acaba sendo completamente contraditória. Nas palavras do puritano J.C. Ryle, o homem pode “chegar a ir muito longe, sem jamais ter sido realmente salvo”. Em outras palavras, na enfase puritana, ainda que o auto exame seja positivo, ainda assim não pode haver qualquer segurança de fato...

A enfase de Calvino, assim como de Lutero (talvez ainda mais!), é fixar os olhos em Cristo, relegando as boas obras a plano secundário; ou seja, só vale considerar o valor das boas obras quando estamos completamente seguros de participarmos das promessas do Cristo. Em outras palavras, podemos avaliar nossas obras, quando não temos mais qualquer dúvida de salvação: “... os santos, quando se trata de estabelecer e fundamentar sua salvação sem considerar de algum modo suas obras, fixam seus olhos exclusivamente na bondade de Deus. E não apenas colocam a bondade de Deus acima de todas as coisas com um princípio para a sua bem-aventurança, mas a tem como algo que lhe pertence, e nela repousam e descansam inteiramente. Quando a consciência está assim fundamentada, pode então fortalecer-se com a consideração das obras, enquanto são testemunhos de que Deus habita e reina em nós!” (INSTITUTAS, Livro III, Capítulo XIV, 18).

Não se trata, frise-se bem, de afirmar  que Calvino, ou qualquer outro Reformador, negasse o valor da santificação, ou que nós estejamos incitando tal coisa, mas sim,  relembrar sempre que nossa santificação experimental nunca será completa, até que nos  encontremos com Cristo na Eternidade (I JOÃO 3.2). Se não herdaremos o céu com base no grau de nossa santidade experimental, porque nos aconselhariam a conferir nossa eleição com base nela? Se nossa salvação é garantida  exclusivamente pela Justiça de Cristo, só é aceitável que nossa confiança baseie-se exclusivamente nela também (I Cor. 1.30; Rom. 1.17; Rom. 4.5-7; Rom. 5.17; etc ).

Antes de falarmos em perseverança dos santos, deveríamos falar em perseverança de Deus, o qual se mantem firme as suas promessa, independentemente da fragilidade humana; afinal, este é o único significado da Graça. Se não for assim, o Calvinismo nada tem de especial a oferecer ao pecador aflito, além daquilo que o arminianismo já oferece: medo e insegurança, (e num grau ainda maior, pois, ao menos no arminianismo, o pecador tem como manipular esse medo...). Eu não posso dizer se este ou aquele que pecou gravemente, inclusive em questões doutrinárias, como é o caso de Pinock, será ou não salvo. Entretanto, minha impossibilidade de fazer tal juízo não se deve ao conhecimento que tenho de seus pecados, mas da minha ignorância do que lhes havia – ou há - no coração. Se um dia, convencidos de pecado, depositaram toda sua fé em Cristo, estão eternamente salvos, independentemente de qualquer coisa. Este é ensino de Jesus: “Todo aquele que o Pai me dá virá a Mim; e o que vem a Mim de maneira nenhuma o lançarei fora” (JOÃO 6.37).

Imagino que muitos defensores do Calvinismo alimentem o temor de que a sua pregação, pura e simples, possa servir de “carta branca para o cristão pecar”, e por isso, a enfase nas obras, herança dos puritanos, parecer algo tão atrativo – uma espécie de antidoto, eu diria. Mas, contra a Graça não existe antidoto, nem mesmo o zelo puritano (movimento que, em linhas gerais, aprecio de todo coração), e contra a pecaminosidade do coração humano, só existe o freio da Graça mesma. Ora, nenhum cristão jamais precisou de uma “carta branca” para pecar: nós simplesmente pecamos e pecamos, pois é nossa natureza. E a natureza da Graça é uma só: salvar quem não merece ser salvo.

“A confiança nas obras não tem lugar até que tenhamos depositado toda a confiança de nosso coração somente na misericórdia de Deus... ” - João Calvino.
Fonte: www.olharreformado.blogspot.com

Um comentário:

  1. BREVE CRÍTICA AL PROFETISMO JUDÍO DEL ANTIGUO TESTAMENTO: La relación entre la fe y la razón expuesta parabolicamente por Cristo al ciego de nacimiento (Juan IX, 39), nos enseña la necesidad del raciocinio para hacer juicio justo de nuestras creencias, a fin de disolver las falsas certezas de la fe que nos hacen ciegos a la verdad mediante el discernimiento de los textos bíblicos. Lo cual nos exige criticar el profetismo judío o revelación para indagar la verdad que hay en los textos bíblicos. Enmarcado la crítica al profetismo judío en el fenómeno espiritual de la trasformación humana, abordado por la doctrina y la teoría de la trascendencia humana conceptualizadas por los filósofos griegos y sabiduría védica, instruida por Buda e ilustrada por Cristo; la cual concuerda con los planteamientos de la filosofía clásica y moderna, y las respuestas que la ciencia ha dado a los planteamientos trascendentales: (psicología, psicoterapia, logoterápia, desarrollo humano, etc.), y utilizando los principios universales del saber filosófico y espiritual como tabla rasa a fin de deslindar y hacer objetivo “que es” o “no es” del mundo del espíritu. Método o criterio que nos ayuda a discernir objetivamente __la verdad o el error en los textos bíblicos analizando los diferentes aspectos y características que integran la triada preteológica: (la fenomenología, la explicación y la aplicación, del encuentro cercano escritos en los textos bíblicos). Vg: la conducta de los profetas mayores (Abraham y Moisés), no es la conducta de los místicos; la directriz del pensamiento de Abraham, es el deseo intenso de llegar a tener una descendencia numerosísima y llegar a ser un país rico como el de Ur, deseo intenso y obsesivo que es opuesto al despego de las cosas materiales que orienta a los místicos; es por ello, que la respuestas del dios de Abraham son alucinaciones contestatarias de los deseos del patriarca, y no tienen nada que ver con el mundo del espíritu. La directriz del pensamiento de Moisés, es la existencia de Israel entre la naciones a fin de llegar a ser la principal de todas, que es opuesta a la directriz de vida eterna o existencia después de la vida que orienta el pensamiento místico (Vg: la moradas celestiales, la salvación o perdición eterna a causa del bien o mal de nuestras obras en el juicio final de nuestra vida terrenal, abordadas por Cristo); el encuentro cercano descrito por Moisés en la zarza ardiente describe el fuego fatuo, el pie del rayo que pasa por el altar erigido por Moisés en el Monte Horeb, describe un fenómeno meteorológico, el pacto del Sinaí o mito fundacional de Israel como nación entre las naciones por voluntad divina a fin de santificar sus ancestros, su pueblo, su territorio, Jerusalén, el templo y la Torah; descripciones que no corresponden al encuentro cercano expresado por Cristo al experimentar la común unión: “El Padre y Yo, somos una misma cosa”, la cual coincide con la descrita por los místicos iluminados. Las leyes de la guerra dictadas por Moisés en el Deuteronomio causales del despojo, exterminio y sometimiento de las doce tribus cananeas, y del actual genocidio del pueblo palestino, hacen evidente la ideología racista, criminal y genocida serial que sigue el pueblo judío desde tiempos bíblicos hasta hoy en día, conducta opuesta a la doctrina de la no violencia enseñada por Cristo __ Discernimiento que nos aporta las suficientes pruebas objetivas de juicio que nos dan la certeza que el profetismo judío o revelación bíblica, es un semillero del mal OPUESTO A LAS ENSEÑANZAS DE CRISTO, ya que en lugar de sanar y prevenir las enfermedades del alma para desarrollarnos espiritualmente, enerva a sus seguidores provocándoles: alucinaciones, cretinismo, delirios, histeria y paranoia; propiciando la bibliolatría, el fanatismo, la intolerancia, el puritanismo hipócrita, el sectarismo, e impidiendo su desarrollo espiritual. http://www.scribd.com/doc/33094675/BREVE-JUICIO-SUMARIO-AL-JUDEO-CRISTIANISMO-EN-DEFENSA-DEL-ESTADO-LA-IGLESIA-Y-LA-SOCIEDAD

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